Brasil Pack Trends 2020
BrasilPackTrends2020 175 sustentabi l idade & ética Essa penetração tem ocorrido pela conjugação de diversos fatores. Por um lado, a globalização, que se intensifica a partir da segunda metade da década de 1980, transforma as relações antes centradas na na- ção em questões globais. Os aspectos relativos ao so- cial passam a referir-se à sociedade interplanetária e não apenas aos efeitos regionalizados locais. Diversos atores, como corporações transnacionais, organizações não governamentais, organizações intergovernamentais, comunidades epistêmicas e a mídia passam a ter forte influência nos processos decisórios. Por meio da globa- lização, a humanidade toma conhecimento do risco da degradação ambiental em razão da capacidade destru- tiva das armas nucleares e do potencial de contamina- ção do ar, da água, do solo e da cadeia alimentar por indústrias químicas e nucleares (VIOLA, 1998; CAYE, 2010; SILVA, 2009). A Declaração de Estocolmo de 1972, sobre o am- biente humano teve sua importância por se caracterizar como o primeiro documento em que a proteção e o me- lhoramento do meio ambiente humano foram tratados como questões fundamentais de interesse e dever de todos os governos, pois afetam o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro (CON- FERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS, 1972). Vários acordos internacionais vêm sendo firma- dos, nos quais se podem observar três objetivos prin- cipais: o de proteger a camada de ozônio, o de conter os efeitos da mudança climática, e o de proteger a bio- diversidade. A Convenção de Viena (1985) resultou da preocupação em proteger a camada de ozônio, respon- sável pela filtração das radiações solares na faixa do ultravioleta, nocivas principalmente à saúde humana. Seguiu-se a adoção do Protocolo de Montreal, em 1987, que controla a produção e o consumo das subs- tâncias que, em razão da sua reatividade combinada com os volumes comercializados, têm maior potencial de destruir a camada de ozônio, como os “clorofluorcar- bonos ou CFCs (-11, -12, -13, -C14, -15)”, halons (-1211, -1301 e -2402), HCFCs e brometo de meti- la. Essas ações resultaram em significativa redução na emissão desses gases e são consideradas exemplos de sucesso na política de prevenção e cautela para miti- gação de problemas climáticos globais (UNEP, 1992; SILVA, 2009; CAYE, 2010). A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), resultante da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - CNUMAD (Rio 1992), teve um impacto crucial na consciência am- biental relativa à necessidade de preservação da diver- sidade biológica. Assinada por 168 países e ratificada por outros 188, é considerada um marco político nas questões relativas à biodiversidade (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES/MINISTÉRIO DO MEIO AM- BIENTE, 2012). As mudanças climáticas Em 1988, o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) - Painel Intergovernamental de Mudança Climática foi criado pelo United Nations Environmental Programme (UNEP) e pela World Meteorological Orga- nization (WMO). Composto de milhares de cientistas ao redor do mundo, o IPCC é um organismo internacional que revisa e avalia as informações científicas, técnicas e socio-econômicas produzidas no mundo, que são rele- vantes para o entendimento das mudanças climáticas. Desde a sua criação, já publicou quatro relatórios prin- cipais de avaliação (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2012). Seu relatório mais re- cente, o AR-4 (IPCC, 2007), baseia-se em 29 mil séries de dados correspondentes a 75 estudos, cada qual com pelo menos 20 anos de observações. Segundo o 4 o Re- latório do IPCC, o aquecimento do sistema climático é inequívoco, comprovado pelas observações do aumento médio global das temperaturas do ar e dos oceanos, pelo derretimento de geleiras e elevação do nível médio global dos oceanos, como mostra a Figura 7.1. A elevação do nível do mar é consistente com o aquecimento. O nível do mar global aumentou a uma taxa média de 1,8 mm por ano entre 1961 e 2003, a uma taxa média de 3,1 mm por ano entre 1993 e 2003. A expansão térmica dos oceanos contribuiu para o aumento do nível do mar, com a diminuição das gelei- ras e das calotas polares.
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