Brasil Pack Trends 2020

BrasilPackTrends2020 56 fatores que influenciam o mercado de bens de consumo funcional da renda é essencial para a distribuição pes- soal da renda, pode-se afirmar que o Brasil continuará, por muitos anos, apresentando índices de concentra- ção pessoal da renda elevados, embora decrescentes”. Portanto, o segmento Triplo A deverá manter aquecido o mercado de bens de consumo mais sofisticados, no qual a estética e o design das embalagens exercem fun- ções estratégicas para a agregação de valor aos produ- tos de prestígio. Estudo da Bain & Company (D’ARPIZIO, 2011) estimou o crescimento do mercado de luxo no Brasil por volta de 20%, entre 2009 e 2011. De acordo com a KPMG (RESURGENCE..., 2011), o mercado de luxo brasileiro cresceu 22% em 2010, contabilizando o va- lor de US$ 7,6 bilhões. A KPMG apresenta estimativa de crescimento de 15,2% ao ano, entre 2010 e 2025, atingindo um valor de US$ 63,5 bilhões, o que deverá representar 6% do mercado global de bens de luxo. No entanto, cabe observar que, nos mercados emergentes, como o Brasil, os produtos de luxo têm características distintas daquelas conhecidas nos países desenvolvi- dos. Por exemplo, os consumidores emergentes tendem a buscar reconhecimento social e símbolos de status, caracterizando-se por valores como excesso, extrava- gância e ostentação (D’ARPIZIO, 2011). Entretanto, o grande impulsionador do cresci- mento do setor industrial deverá vir de dois segmentos que mantêm estreito vínculo: a Nova Classe Média e a população situada na base da pirâmide socioeconômica brasileira. Ascensão social e consolidação da Nova Classe Média (Classe C) O estudo Brasil Food Trends 2020 (BRASIL..., 2010) demonstrou que a participação dos grupos de indivíduos dos estratos de menor renda, na renda total do País, aumentou 52,4% no período de 1996 a 2008, enquanto o estrato de maior renda teve sua participação relativa reduzida de 47,5% para 43,2%, no mesmo pe- ríodo. Esse pequeno movimento na direção de uma so- ciedade mais equitativa quanto à distribuição de renda proporcionou um forte impacto positivo sobre a econo- mia brasileira. De acordo com estudo da Fecomercio-SP (2012, pág. 6), “mais de 12 milhões de famílias (quase 40 milhões de pessoas) ascenderam às classes C e B de renda entre 2003 e 2009”. Conforme estudo da Secretaria de Assuntos Es- tratégicos, do governo federal (BARROS; DIECKMANN; MENDONÇA et al., 2011), o elevado crescimento da renda da população mais pobre promoveu a “redução do grau de desigualdade e um alargamento da classe média brasileira sem precedentes na história”. Para os autores, os determinantes desse movimento foram o sistema de proteção social, o modelo de crescimento econômico mais inclusivo, a expansão do acesso ao cré- dito, os aumentos reais do salário mínimo, o aumento da produtividade e o grau de escolarização da força de trabalho, entre outros fatores. A Nova Classe Média tem impulsionado a deman- da de bens de consumo no Brasil e provocado mudanças estruturais no mercado, uma vez que esses consumido- res requerem produtos que atendam ao seu desejo de maior sofisticação de compra, por um preço acessível, conforme o seu poder aquisitivo, que, mesmo tendo sido ampliado, ainda é muito baixo. Essa condição traz desa- fios para as indústrias de bens de consumo. Por exemplo, um trabalho do PROFUTURO (WRIGHT; SILVA; SPERS, 2009) indica algumas características a ser observadas para atendimento desse mercado de produtos populares: preço acessível, simplicidade, adequação de benefícios ao perfil popular, uso seletivo de tecnologias e adequação para venda em pequenas lojas de varejo, entre outros. Uma pesquisa da empresa Ipsos (PESQUISA..., 2008) revelou o caráter heterogêneo dos consumidores de baixa renda, classificados em cinco grupos, confor- me sua afinidade de hábitos de consumo e motivações para a compra: Gastadores (15% dos consumidores), Precavidos (44%), Endividados (8%), Austeros (14%) e Les Miserables (19%). Observou-se que três grupos (Precavidos, Austeros e Les Miserables), que represen- tam a grande maioria (77%) dos consumidores de baixa renda, não dão valor ou atribuem pouco valor ao status proporcionado pela compra de bens e serviços de mar- cas de prestígio, ou ainda não possuem recursos sufi-

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