Alimentos Industrializados

20 a necessidade de melhorar a comunicação com o consumidor de alimentos e bebidas Alimentos Industrializados 3 Inconsistências da “classificação”NOVA perante a ciência e a tecnologia de alimentos A “classificação” NOVA dos alimentos (Figura 3.1) tem obtido relativo destaque em algumas mídias. No entanto, a “classificação” NOVA é baseada em vários pressupostos que não encontram sustentação na ciência e tecnologia de alimentos, além de conflitar diretamente com as autorida- des regulatórias que aprovam para consumo os alimentos industrializados contestados pela mesma. Vários de seus pressupostos contradizem princípios básicos da Ciência e Tecnologia (C&T) de alimentos, talvez por ignorância, por preconceito ou por ambos. Com o objetivo de esclarecer mitos e preconceitos sobre alimentos processados ou industrializados, o ITAL criou, em novembro de 2016, um módulo específico na plata- forma de informação sobre alimentos processados (www. alimentosprocessados.com.br) , no qual é discutida essa fragilidade técnica e científica da classificação dos ali- mentos processados pelo grau de processamento, utilizada como base das orientações dietéticas do Guia Alimentar da População Brasileira, documento oficial do Ministério da Saúde (BRASIL, 2014), no qual há recomendação ex- plícita para se evitar o consumo de diversas categorias de alimentos e bebidas industrializados, por sua suposta in- fluência negativa sobre a saúde humana. O presente trabalho também reconhece a necessidade de esclarecer aos interessados as inconsistências dessa “classi- ficação” NOVA dos alimentos, com base na C&T de alimentos e nas evidências do que acontece de fato no mercado de ali- mentos e bebidas não alcoólicas. Nessa direção é destacado que: a) Do ponto de vista técnico, NÃO há classificação com base em graus de processamento, apesar de ser utilizada ter- minologia que tenta levar a esse entendimento; b) Do ponto de vista estatístico, NÃO há comprovação de que exista dife- rença significativa entre os conteúdos nutricionais de alimen- tos processados nos lares, restaurantes e indústrias; c) Do ponto de vista científico, NÃO há comprovação de que o uso de produtos de conveniência afeta de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente; d) Do ponto de vista científico e regulatório, a presença de ingredientes e aditi- vos alimentares industriais NÃO pode ser usada como critério para definir um alimento como inadequado para consumo; e) Do ponto de vista prático, NÃO há como estabelecer que o uso moderado de açúcar, sal e gorduras é recomendável para preparações culinárias domésticas, e que, ao mesmo tempo, seu uso na indústria gera produtos que devem ser evitados por conterem tais ingredientes em excesso. Essas inconsistências são detalhadas a seguir.

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