ITAL
INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

ISSN 0104 - 3781

VOL. 20 - N°1
JANEIRO / FEVEREIRO / MARÇO - 2008

 

Responsável Técnico: Assis Garcia

Coordenação: Marta Cuêrvo

 Layout: Patricia R. Citrângulo

 

CONTEÚDO
DESEMPENHO DE SELO DE ALUMÍNIO
APLICADO A TAMPAS DE LATAS DE BEBIDAS
ESCLARECIMENTO

O CETEA, com a colaboração da Unidade Laboratorial de Referência de Microbiologia do ITAL, tem realizado nos últimos anos algumas pesquisas envolvendo a avaliação da qualidade microbiológica da superfície externa de latas de bebidas e do desempenho de selos de alumínio aplicados a essas latas. Uma dessas pesquisas foi publicada no periódico Brazilian Journal of Food Technology na edição de n°3 de 2006, podendo, assim, ter sua metodologia e resultados conferidos (External Microbiological Contamination of Beverage Packaging - http://www.ital.sp.gov.br/bj/artigos/bjft/2006/p06250.pdf).

Em 2004, foi realizado um levantamento da qualidade microbiológica da superfície externa da tampa de 51 latas de cada tipo (sem e com selo de alumínio), coletadas pelo CETEA em supermercados, bares, quiosques e ambulantes. No final de 2007, esse levantamento foi repetido, em 72 latas sem e 72 latas com selo, porém exclusivamente em unidades coletadas junto a ambulantes ou quiosques que resfriam as embalagens por meio do contato com gelo.

Nos dois estudos, verificou-se que a qualidade microbiológica da superfície externa da tampa, em termos de coliformes totais, microrganismos aeróbios mesófilos e bolores e leveduras não é menor nas latas com selo, comparativamente às latas sem selo. Foi observada uma única lata, com selo, do segundo estudo, onde a presença de coliformes fecais (E. coli) foi detectada.

Um terceiro estudo, iniciado em novembro de 2007 e finalizado em janeiro de 2008, foi realizado com foco na comercialização de latas refrigeradas em “caixas de isopor” contendo gelo. A verificação da contaminação microbiológica da superfície externa das tampas, após o resfriamento em caixas contendo gelo, foi realizada em dois experimentos, sendo que em um deles o gelo foi produzido a partir de água contaminada e no segundo foi adicionada água com contagem controlada de bactéria (E. aerógenes) ao gelo, simulando o manuseio, após o derretimento parcial do gelo, em condições não-higiênicas. As condições controladas de contaminação foram aplicadas a latas fornecidas por terceiro e também a latas adquiridas pelo CETEA no mercado de Campinas. Verificou-se que ocorre maior retenção de microrganismos na superfície externa das tampas quando as latas apresentam o selo de alumínio, comparativamente a latas sem selo, tanto de mesma marca comercial (selo removido) como de outra origem.

Deve-se esclarecer que o CETEA não participou e não teve conhecimento prévio da campanha publicitária recentemente veiculada sobre esse assunto, tendo se restringido a realizar os estudos previamente relatados. É importante mencionar que ocorreram enganos na transposição do conteúdo dos relatórios disponíveis naquele momento para a linguagem publicitária, os quais permitiram interpretações equivocadas sobre suas conclusões. Entretanto, o fato de não ter sido evidenciada vantagem, do ponto de vista da contaminação microbiológica da superfície externa da tampa, permanece válido.

Salienta-se ainda que, exceção feita a uma parte dos testes, as embalagens sem e com selo de alumínio avaliadas foram coletadas pelo CETEA nos mesmos locais e datas e há registros de suas identificações que permitem a rastreabilidade de sua origem, não estando absolutamente susceptíveis a restrições a esse respeito.

A ampla atuação do CETEA na prestação de serviços tecnológicos nos seus 25 anos de atuação permite-o repugnar qualquer indício de questionamento sobre sua idoneidade e isenção. Os trabalhos realizados pelo Centro relatam os resultados obtidos independentemente do interesse de quem o solicitou. Nas pesquisas de satisfação, realizadas anualmente junto a seus clientes, desde 1996, há freqüentes e explícitas manifestações sobre a credibilidade do setor produtivo em seu trabalho.

A equipe do CETEA espera que os interesses comerciais dos setores envolvidos no tema em pauta respeitem esse histórico e não se utilizem de subterfúgios para atingir seus objetivos.