Lácteos e Saúde
54 podem ser comprovados, como os mediados por células, deve-se empregar o termo hipersensibilidade não alérgica. O termo hipersensibilidade deve ser usado para descrever sinais e sintomas objetivamente reprodutíveis desencadeados por exposição a um estímulo definido em dose tolerada por pessoas normais. (JOHANSSON et al., 2004). Dentre as alergias, oito alimentos são responsáveis por 90% das reações alérgicas alimentares: leite, ovo, amendoim, frutos do mar, peixe, castanhas, soja e trigo. A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é a mais frequente (DELGADO et al., 2010). A alergia à proteína do leite de vaca ocorre quase sempre em crianças geneticamente predispostas, afetando de forma significativa o bem-estar da criança e da família. Sua gênese está associada à introdução precoce do leite de vaca na alimentação de lactentes e desmame do leite materno também precoce (BRASIL, 2012). O aleitamento materno promove crescimento e nutrição adequada, proteção contra doenças e infecções, além de fortalecer o vínculo entre mãe e filho. A amamentação no seio deve ser exclusiva nos primeiros quatro a seis meses de vida e complementada até os dois anos de idade, sendo recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Verifica-se que o número de crianças amamentadas (com leite materno) ainda é pequeno e que a introdução precoce de outros tipos de leite é comum. O leite de vaca é frequentemente usado em substituição ao leite materno; logo, as suas proteínas são os primeiros antígenos alimentares com os quais o lactente tem contato (BRASIL, 2012). As reações não-tóxicas imunomediadas recebem o nome de alergia. Diferentemente da intolerância, a alergia ocorre devido às reações com o componente protéico do leite, provocando liberação de anticorpos, histaminas e outros agentes defensivos (ANTUNES e PACHECO, 2009). As proteínas envolvidas no processo alérgico possuem massa molecular entre 10 mil e 70 mil unidades de massa atômica. Dentre os fatores que mais afetam o desenvolvimento da APLV na infância estão a permeabilidade da barreira do trato gastrintestinal, a predisposição genética e a imaturidade fisiológica do sistema imunológico e do aparelho digestório, inerentes às crianças nos primeiros dois anos de vida (PEREIRA e SILVA, 2008). A alergia à proteína do leite de vaca pode ser classificada em: mediadas por IgE, não mediadas por IgE e mistas (BRASIL, 2008). As reações IgE mediadas são de fácil diagnóstico, por apresentarem manifestações rápidas, até 30 minutos após a ingestão do leite e pela formação de anticorpos específicos da classe IgE. As reações não mediadas por IgE ocasionam 20 manifestações tardias, podendo ocorrer horas ou dias após a ingestão do leite (CAFFARELLI et al., 2010). As reações mistas são mediadas por anticorpos IgE e por células (linfócitos T e citocinas pró- inflamatórias) (BRASIL, 2008). Dentre as proteínas do leite de vaca as de maior poder alergênico são a caseína, α -lactoalbumina, β -lactoglobulina, globulina e albumina
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