Lácteos e Saúde
55 sérica bovina, podendo causar tanto reações alérgicas IgE mediadas quanto não IgE mediadas (MORAIS et al., 2010). Com relação à intolerância à lactose (IL), esta é uma afecção da mucosa intestinal (intestino delgado) que incapacita a digestão da lactose e absorção deste carboidrato da dieta, devido à baixa atividade ou baixa produção da enzima β - Dgalactosidase popularmente conhecida como lactase (PEREIRA FILHO e FURLAN, 2004). A lactase hidrolisa a lactose liberando os monossacarídeos galactose e glicose, que em condições ideais seriam, absorvidos pelos enterócitos. Esta enzima está presente na superfície apical dos enterócitos na borda em escova intestinal com maior expressão no jejuno (LOMER, et al., 2002). Na luz intestinal, a lactose que não foi digerida aumenta a osmolaridade local, atraindo água e eletrólitos para a mucosa, o que ocasiona diarréia. A dilatação intestinal causada pela pressão osmótica acelera o trânsito, aumentando a má absorção (ANTUNES e PACHECO, 2009). Quando a capacidade de absorção do intestino delgado é ultrapassada, a lactose chega ao cólon, onde será fermentada por bactérias da microbiota resultando em gases CO2 e H2 e ácidos graxos de cadeia curta. Com isto, as fezes ficam mais acidificadas, líquidas, ocasionando a distensão abdominal e hiperemia perianal, sintomas comuns na intolerância à lactose (LIBERAL et al., 2012). A diminuição na atividade da enzima lactase recebe o nome de hipolactasia ou lactase não persistente (MATTAR e MAZO, 2010). SURGIMENTO DA INTOLERÂNCIA À LACTOSE A Figura abaixo mostra as rotas de migrações de povos, a partir de sua origem na África, onde surgiu a intolerância à lactose e disseminou a hereditariedade para os povos. A deficiência congênita é comum em prematuros nascidos com menos de trinta semanas de gravidez. Nos recém-nascidos de gestações completas, os casos são raros e de caráter hereditário. A concentração da lactase nas células intestinais é farta ao nascermos e vai decrescendo com a idade. Nos EUA, um em cada quatro ou cinco adultos pode sofrer de algum grau de intolerância ao leite. Os descendentes brancos de europeus têm uma incidência menor de que 5%, enquanto na população de origem asiática, o problema alcança 90%. Nos afro-americanos, nos índios e nos judeus, bem como nos mexicanos, a intolerância à lactose alcança níveis maiores que 50% dos indivíduos. No Brasil está neste percentual.
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