Alimentos Industrializados

13 os desafios da comunicação sobre alimentos industrializados e saúde Alimentos Industrializados PRIMEIRO DESAFIO DA COMUNICAÇÃO: Conhecer a diferença de “associação” com “causa e efeito” nos resultados das análises dos trabalhos científicos Os vários tipos de trabalhos científicos raramente con- seguem estabelecer alguma relação de causa e efeito en- tre a ingestão de um alimento e seu possível impacto sobre a saúde. É mais comum apresentarem que determinado produto está correlacionado ou associado com algum be- nefício ou malefício à saúde, algo que não pode ser assu- mido como conclusivo. A correlação é uma medição estatística com o objetivo de analisar se os comportamentos de duas ou mais variá- veis estão relacionados em direção e magnitude. A medida da correlação é um número (coeficiente) que pode variar entre -1 (representa correlação forte em sentido inverso) e 1 (representa correlação forte no mesmo sentido). A Figura 1.3 apresenta exemplos de coeficientes de correlação calculados com base em taxas de aumento da obesidade no Brasil e crescimento de consumo per capita de bebidas não alcoólicas. Os dados são úteis para discu- tir a hipótese de que “as bebidas não alcoólicas são cau- sadoras da obesidade”, premissa que tem sido divulgada por várias pessoas com base em estudos de correlação. Os resultados obtidos para os SUCOS, NÉCTARES E REFRESCOS (Gráfico 1) e para CHÁ pronto para beber (Gráfico 2) reforçariam a afirmação de que o aumento do consumo de bebidas não alcoólicas é responsável pelo aumento da obesidade no Brasil. Porém, se essa premis- sa fosse verdadeira, então o resultado obtido no gráfico 3 deveria constatar também que a obesidade é causada pelo maior consumo de água, o que não faz sentido. Para complicar ainda mais, o resultado obtido na aná- lise da associação entre a obesidade e o consumo de re- frigerantes (Figura 1.2, Gráfico 4) indica que existe uma correlação negativa muito forte entre as séries de dados históricos, Então, a obesidade estaria aumentando por causa da redução no consumo de refrigerantes, que é a bebida não alcoólica mais consumida pela população? Em resumo, são resultados conflitantes que não per- mitem confirmar qualquer relação de causa e efeito entre bebidas não alcoólicas e obesidade, apesar de muitas pes- soas continuarem a afirmar o contrário. Figura 1.2 Coeficientes de correlação entre séries históricas de produção de bebidas não alcoólicas. Fontes: ABIR (2017); Barros (2016).

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