Brasil Food Trends

15 BrasilFoodTrends2020 a p r o d u ç ã o d e a l i m e n t o s produtivos do passado, insuficientes para o suprimento de toda a crescente demanda global. No presente, já é possível identificar concretamente os efeitos das restrições ou ampliações do uso de fatores de pro- dução. Via de regra, o enrijecimento das normas ambientais e as imperfeições dos mercados de insumos agropecuários, como a concentração dos fornecedores globais de matérias- primas ou a irregularidade no suprimento das mesmas, tendem a elevar preços e custos, gerando um novo equilíbrio no merca- do de alimentos, com viés de restrição da oferta. A seguir são destacados os principais fatores considerados neste trabalho. 1.1. rECurSOS nATurAIS – TErrA E águA As transformações históricas do meio ambiente e as preocupações com as consequências advindas das mudanças climáticas resultam em crescentes restrições à utilização dos ativos naturais para a produção agropecuária. A questão repre- senta um enorme desafio à produção de alimentos e, portanto, a todos os elos da cadeia subsequente. Para a terra, o aspecto finito do ativo, aliado às neces- sidades crescentes de expansão da produção, gera, necessaria- mente, impactos significativos no seu preço, que, no Estado de São Paulo, por exemplo, teve uma variação real positiva de 120% nos últimos dez anos, ou seja, de junho de 1999 a junho de 2009, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo (4) . Adicionalmente, as crescentes restrições advindas do au- mento do rigor da legislação ambiental brasileira potencializam o comportamento dos preços do ativo. A exigência de se recompor e conservar de 20% a 80% da área total da propriedade rural, dependendo do bioma, com espécies nativas poderá efetivamente reduzir as áreas utilizadas para a produção de alimentos (5) . Como resultado, de acordo com recente estudo da Em- brapa, para suprir a restrição ao uso da terra imposta pela legis- lação ambiental em debate seria necessário um incremento adicional da produtividade da ordem de 48,9% nas lavouras brasileiras, a fim de que sejam mantidos os atuais níveis de produção (6) . As discussões a esse respeito ainda estão sendo ne- gociadas no âmbito dos poderes Executivo e Legislativo federais. Questões similares são debatidas no escopo dos recur- sos hídricos. Pode-se dizer que a água foi, até pouco tempo, considerada um ativo inesgotável, visão talvez justificada pela abundância do recurso no Brasil, que equivale a 12% da água doce do mundo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA) (7) . No entanto, agora a água já é vista como um recurso limitado, que corre o sério risco de escassez futura, caso não seja utilizada de forma racional. G ráfico 2 Fontes: Mapa/Conab e USDA/NASS Elaboração: Fiesp/Deagro Milho – produtividade observada no Brasil (1ª safra) (3) e nos Estados Unidos (2) (kg por hectare) 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Brasil Estados Unidos

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