Brasil Food Trends

BrasilFoodTrends2020 156 mercado, reserva de espaço no estacionamento para a coleta de lixo reciclável trazido pela comunidade do entorno, adoção de lâmpadas que consomem menos energia e a coleta de água da chuva para usar nos banheiros e na jardinagem. Tais iniciativas tenderão a ser multiplicadas por ou- tras empresas, mediante a gradativa constatação de que permitem a melhora dos resultados comerciais. Por exem- plo, a inglesa Tesco, com a bandeira Fresh and Easy, teve uma resposta excepcional dos consumidores, resultando em boas vendas e incentivo para ampliar a oferta de produtos alimentícios de sua marca com selo verde, somando 250 itens em três meses (15) . Em 2020, a discussão sobre canais de vendas dar-se-á pela perspectiva da legislação, que deverá acompanhar a dinâ- mica da sociedade, considerando as práticas de responsabili- dade social, sustentabilidade e preservação ambiental cada dia mais presentes no cotidiano do cidadão. Hoje, questões como emissão de carbono, desde a pro- dução até o consumo, e economia de energia permeiam os de- bates de toda a cadeia do abastecimento em todo o planeta. As discussões apontam para o estímulo ao consumo o mais próxi- mo possível da produção, com drásticas reduções de emissão de carbono no transporte e igualmente menor custo logístico, como armazenagem e movimentação de carga, o que também reduz o consumo de energia. A deficiência do transporte público nas grandes cida- des, associada à facilidade de crédito ao consumidor, levou a um sensível aumento da frota de veículos e complicou o trân- sito, que há anos é referência de má qualidade de vida para os habitantes dessas regiões. Esse fato reforça a preferência da população por abastecer-se na vizinhança, o mais perto possí- vel de sua residência. Pesquisadores do Reino Unido (16) calcularam a emis- são de carbono na distribuição de alimentos e chegaram a conclusões surpreendentes. Por exemplo, um serviço de delivery de alimentos industrializados em um raio de, apro- ximadamente, 7 quilômetros pode ser melhor em termos ambientais em relação às lojas de bairro, que, muitas ve- zes, recebem uma caixa de produtos orgânicos produzidos a mais de 360 quilômetros. Isto é, o carbono gerado para transportar esse produto natural de uma longa distância é maior do que o emitido pela indústria que está a apenas 7 quilômetros da loja. “As pessoas estão familiarizadas com a expressão food miles , mas não têm claro entendimento do que isto significa. Precisamos entender alguns fatores que v a r e j o antecedem a colocação da comida sobre a mesa, e dizer o que é melhor ou pior para o meio ambiente”, comentou Da- vid Coley, pesquisador-chefe do Centre for Energy and the Environment at the University of Exeter. Ainda no Reino Unido (16) , a respeito da food miles , pesquisa realizada pela Mintel, em 2007, apontou que dois em cada cinco habitantes acreditam que produtores e super- mercados devem fornecer mais detalhes sobre as distâncias percorridas pelos alimentos. A tendência que se desenha, portanto, quando os varejistas pensarem nos novos formatos, é contemplar a proximidade dos seus fornecedores e com isso reduzir ao máximo a emissão de carbono na distribuição dos alimentos e auxiliar no combate ao aquecimento global. 6.6. Considerações finais Ciente da nova realidade que vai encontrar, o varejo sabe que terá de se reinventar nos próximos dez anos. Para atender aos anseios de uma sociedade em que a tônica do comportamento é a mudança, o volume de informações cresce no compasso da evolução tecnológica e a competição não ces- sa. O varejo alimentar, em especial, deverá segmentar-se cada vez mais para atender aos nichos específicos de consumidores. As lojas de autosserviço alimentar serão partes da co- munidade em 2020, ocupando espaços cada vez menores, de, no máximo, 800 metros quadrados de área de vendas, com mix de produtos cada vez mais ajustado ao gosto dos vizinhos. Há pouco tempo, as tendências de consumo mudavam lentamente, fornecendo aos varejistas a oportunidade de ana- lisar suas implicações e tomar as decisões mais apropriadas para o sucesso do negócio. Hoje, no entanto, em face da evolu- ção tecnológica, os ciclos de tendência de consumo emergem mais rapidamente, influenciando o comportamento social e a comunicação. Hoje, tudo é instantâneo. Tanto o setor de varejo quanto a indústria fornecedora dos bens de consumo terão de fornecer respostas à nova geração que virá e ditará as normas de valor da sociedade em 2020. Responsável pelo abastecimento de 65% da popula- ção brasileira (2) , a tendência é que o setor de supermercados mantenha a hegemonia em 2020. Ainda que em constante adaptação às novas tecnologias e demandas apresentadas pela sociedade, o segmento estará apto a atender o consu- midor que emerge de profundas mudanças sociodemográ- ficas, de assimilação de outras culturas e de migração do perfil de consumo.

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