Iogurtes Industrializados - Porções Práticas de Nutrição e Funcionalidade

Os iogurtes industrializados têm sido, erroneamente, classificados como alimentos “ultraprocessados”. Entretanto, a checagem da teoria na prática demonstra como os critérios da classificação NOVA são inconsistentes quando confrontados com as características reais dos iogurtes industrializados comercializados no varejo. A contraposição das características reais dos produtos aos critérios teóricos da classificação NOVA demonstra que não existem motivos consistentes para recomendar à população que evite o consumo dos iogurtes industrializados (conforme mencionado no Guia Alimentar: “Iogurtes e bebidas lácteas adoçadas e aromatizadas”), uma vez que estes não se enquadram nos critérios por ela estabelecidos. A amostra de 150 produtos ilustra a grande diversidade existente de tipos e marcas de iogurtes industrializados, demonstrando que é equivocado afirmar que todos os iogurtes industrializados possuemasmesmas características, que todos têmdeterminada composição nutricional ou que utilizam os mesmos ingredientes. E, caso a mesma análise fosse feita para uma amostragem mais ampla iria, mais uma vez, constatar que leite e derivados são as matérias-primas predominantes nos iogurtes, que variam muito os tipos de ingredientes utilizados, que vários produtos têm sido lançados com teores reduzidos de gordura e açúcar, que os iogurtes industrializados são fontes de proteína, cálcio e bactérias lácticas, portanto produtos nutritivos sem substitutos imediatos, a não ser que todos os consumidores passem a elaborar iogurtes caseiros, alternativa bastante improvável considerando as restrições de tempo, dinheiro, equipamentos e da disciplina necessária para fazer isso com regularidade, de tal forma que não passe a se tornar um produto de consumo eventual. Além disso, os iogurtes preparados em casa provavelmente seriam também adoçados e adicionados de outros ingredientes para dar sabor, uma vez que uma significativa parcela da população prefere iogurtes adoçados e com sabor. O MITO do iogurte industrializado “ULTRAPROCESSADO” IOGURTES INDUSTRIALIZADOS 32 Um argumento a favor dos iogurtes caseiros seria a ausência de aditivos. Porém, esse não representa um benefício do ponto de vista científico e regulatório. A presença de ingredientes e aditivos alimentares industriais NÃO pode ser usada como critério para definir um alimento como inadequado para consumo, considerando que estes são regulamentados por agências internacionais e nacionais que somente liberam seu uso após rigorosas análises, baseadas no estado da arte da ciência, que atestem a sua segurança para consumo humano. No Brasil, a Anvisa é responsável pela publicação das listas positivas de aditivos alimentares, isto é, que podem ser usados de forma segura, dentro de dosagens preestabelecidas. Por outro lado, do ponto de vista tecnológico, não há fundamento em se determinar o grau de processamento de um produto simplesmente pela presença ou não desses ingredientes, ou mesmo pela presença emnúmeromaior que cinco, ou ainda pelo fato de a nomenclatura destes ser desconhecida pelo público em geral. Os fatos comprovam: os iogurtes industrializados NÃO são “ultraprocessados” A análise de 150 amostras de iogurtes industrializados revela a incongruência entre as características reais dos produtos e os critérios teóricos da classificaçãoNOVA. Portanto, é equivocado que um guia alimentar recomende à população que evite o consumo dos iogurtes industrializados (conforme mencionado no Guia Alimentar: “Iogurtes e bebidas lácteas adoçadas e aromatizadas”), ou que qualquer pessoa insinue que o iogurte industrializado não é “de verdade”.

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