Brasil Food Trends

BrasilFoodTrends2020 146 O setor segue a trilha da evolução dos tempos e dos movimentos da sociedade, adaptando-se às mudanças que ocorrem no tamanho e perfil da demanda de alimentos da po- pulação. Desde que evoluiu de empórios de secos e molhados para o autosserviço, nos anos 1950, o varejo alimentar brasilei- ro tem-se ajustado às tendências características de cada época em uma perspectiva histórica, em sintonia com os avanços da tecnologia, da ciência e dos movimentos globais de sua área de atuação. Em pouco mais de meio século de história, o segmen- to de supermercados passou por muitas transformações. Os espaços com a oferta de produtos cresceram continuamente até 1970, popularizando o formato de hipermercado, tipo de loja que ocupa grandes espaços e oferece uma ampla varieda- de de produtos, de alimentos a eletroeletrônicos, de utensílios domésticos a peças de automóveis. A rápida aceitação desse formato deveu-se também ao período de inflação, quando os lares brasileiros eram abastecidos apenas uma vez por mês, no dia em que o trabalhador recebia o salário. Para aproveitar ao máximo o valor do dinheiro, ele comprava em grande quantida- de e, de preferência, no mesmo lugar. Com a estabilidade monetária conquistada pelo Pla- no Real, em 1994, o comportamento do consumo mudou, a começar pela periodicidade das compras. Do abastecimento único mensal, prática que vigorou por duas décadas, o consu- midor passou a visitar 14 vezes ao mês o ponto de venda, das quais cinco o supermercado, conforme estudo da Kantar World Panel (2) . Apesar de o modelo de hipermercado concentrar ain- da 14,1% das vendas de alimentos, outros formatos têm ganho maior atenção e relevância no mercado. Por exemplo, vários investidores do varejo brasileiro co- meçam a criar formatos para atender o público de baixa renda, com o objetivo de oferecer uma estratégia segmentada para esse tipo de consumidor, que deseja comprar barato, mas que tam- bém quer qualidade e atendimento diferenciado, que agregue valor à sua escolha. Conforme Parente (4) , especialista em varejo, “apesar de os consumidores de baixa renda enfatizarem o preço baixo como fator determinante da seleção da loja onde realizar as compras, temos constatado que outros aspectos menos ra- cionais, como o atendimento e a ambientação da loja, exercem forte influência na percepção de valor dos consumidores”. Estudo da empresa Datamonitor (5) , em 2008, aponta que, entre 2004 e 2008, o varejo de alimentos cresceu a uma taxa média de 22,4% ao ano. Para o período 2008-2013, a estimativa é de um crescimento médio anual de 10,3%. Desde o Plano Real, aumentou o número de supermer- cados e diminuiu, proporcionalmente, a quantidade de habi- tantes por loja (2) (Quadro 2). Só em 2008, o setor registrou um volume de vendas 10,5% maior que em 2007. O crescimento real (deflacionado pelo IPCA/IBGE) de 2009, conforme levantamento da Abras (1) foi de 6,5%. Para o subsetor de varejo que compreende as bebidas e os alimentos mais procurados nos supermercados, é esperado um forte crescimento até 2013, devendo superar um aumento de 50% em cinco anos, de acordo com estimativa da Business Monitor (6) . Os fatores determinantes da demanda de alimentos, como o aumento da renda per capita e da população, deve- rão contribuir para o crescimento desse segmento varejista. Nessa direção, grande parte do crescimento do setor é atri- buída ao alargamento do poder de consumo dos estratos de menor renda da população, os quais tendem a ganhar maior representatividade no volume de compras e maior atenção das redes varejistas. Por outro lado, espera-se também o crescimento do poder aquisitivo nos estratos de renda superior, o que deverá manter as estratégias de diferenciação das grandes redes para esse público. Além disso, outros fatores, como as mudanças nas estruturas etária e familiar, terão influência sobre o forma- to das lojas e dos serviços prestados pelos estabelecimentos varejistas. Por exemplo, o aumento da população idosa deverá requerer atendimento especial, um mix apropriado de merca- dorias e facilidade e acesso, entre outros aspectos. Portanto, Fonte: Datamonitor (4) Q uadro 1 Brasil: valor do setor de varejo de alimentos, no período de 2004 a 2008 (US$ bilhões e porcentagem) 43,9 60,8 72,9 88,2 98,3 38,6 20,0 20,9 11,5 123,9 2004 2005 2006 2007 2008 2004-2008 ANO (US$ bilhões) VALOR DO SETOR VARIAÇÃO (%) v a r e j o

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