Avaliação do Ciclo de Vida como Instrumento de Gestão
Centro de Tecnologia de Embalagem – CETEA / ITAL
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energética mínima “MEPS” (
minimum energy performance standards
– ponto 8 da figura 6.12) bastante
interessante para os consumidores residenciais que teriam o menor custo do ciclo de vida, o governo,
negociando com o setor industrial e entendendo suas dificuldades, propôs um “padrão em 1993” um pouco
menos restritivo para o ano projetado. Desta forma, em 1989 o governo norte-americano fez um estudo de
ACCV que mostrou que os refrigeradores poderiam ser melhorados a tal ponto que o consumo de
aproximadamente 950 kWh/ano poderia passar para cerca de 580 kWh/ano (MEPS). A figura 6.12 ilustra,
através da curva superior, que o MEPS foi obtido quando oito alterações técnicas (inovações tecnológicas
indicadas por números e pontos sobre a curva) foram embutidas no refrigerador.
Em 1995 foi desenvolvido um novo projeto de ACCV nos EUA que já partiu de um consumo médio anual (da
classe de refrigerador analisada) de aproximadamente 700 kWh/ano (padrão definido para 1993). Esta nova
etapa do processo de ACCV e padronização da eficiência energética dos refrigeradores norte-americanos
sugeria, então, um MEPS para 2001 de aproximadamente 450 kWh/ano. Entretanto, em nova negociação
com os setores envolvidos (fabricantes, consumidores, etc.) estipulou-se um padrão para 2001 de cerca de
480 kWh/ano para aquela classe de refrigeradores analisados.
A figura 6.12 ilustra o gráfico final de ACCV com os CCVs de cada alternativa analisada. A ACCV pode ser
definida como uma análise sistemática do processo de avaliação de várias alternativas em andamento
(várias inovações dando origem a vários CCVs) e de ações cujo objetivo é de selecionar o melhor caminho
para empregar os recursos disponíveis (FABRYCKY; BLANCHARD, 1991). O gráfico da figura 6.12 ilustra
bem essa definição, pois, com este gráfico (CCV x consumo de energia em kWh/ano) ilustram-se todas as
inovações analisadas em um produto (por exemplo, geladeira) entendendo-se que o refrigerador de
referência (caso-base da figura 6.12) seria o do mercado norte-americano em 1989. Já no ponto 1 analisa-
se a implantação da inovação tecnológica 1 (por exemplo, um compressor padrão comum no mercado
sendo substituído por um compressor mais eficiente, conseguindo assim, um ganho de eficiência no ciclo de
refrigeração resultando em economia de energia). Mas, pode ocorrer uma pergunta: se for inserido um
componente (por exemplo, compressor mais eficiente) mais caro no refrigerador, o seu valor final irá
aumentar? Isto provavelmente é verdadeiro, contudo, fazendo a ACCV chega-se ao resultado que a
economia de energia obtida pelo consumidor com a inovação (devido à economia de energia ao longo do
ciclo de vida do refrigerador) é superior ao custo devido à inserção do compressor mais eficiente. Desta
forma, o CCV do produto reduz compensando o aumento do preço de compra da geladeira. Da mesma
forma, no ponto 2 onde poderia ocorrer, por exemplo, além da inserção da inovação tecnológica 1, também
a inserção da inovação tecnológica 2 (por exemplo, a diminuição da perda de calor pela vedação devido a
um novo material ou formato da gaxeta da porta). A junção destas duas inovações possibilitou um ganho
ainda maior de eficiência, compensando novamente o aumento de preço ocasionado por elas. Mas, quando
se analisa o ponto 9 nota-se que houve um ganho de eficiência superior ao anterior, contudo, desta vez o
CCV subiu. Isto se dá, por exemplo, porque ao se acumular algumas das inovações anteriores com a
inovação 9 (por exemplo, um aumento muito grande da espessura do isolamento nas paredes do
refrigerador) ocasionou em um custo de inovação superior à economia obtida, embora ainda inferior ao
caso-base. Mesmo que o CCV do ponto 9 tivesse sido superior ao do caso-base, dever-se-ia analisar se
esse aumento do CCV é recuperado durante a vida útil do equipamento (por exemplo, 16 anos de vida útil
do refrigerador). Se isso for verdadeiro, o projeto ainda poderia ser viabilizado. Caso isso não ocorresse,
dever-se-ia pesquisar novas alternativas (por exemplo, pesquisar novos materiais mais baratos e tão
eficientes quanto os seus antecessores) para a obtenção do nível desejado de economia de energia, etc.
Também nos EUA, os padrões de eficiência energética mínima são complementados por programas de
rotulagem, principalmente selos de eficiência energética (comparativos de consumo, conforme ilustra a
figura 6.13a) e
endorsement
- que, no caso das geladeiras, indicam que são no mínimo 15% mais eficientes
que a legislação/padrão obrigatória (figura 6.13b).