Avaliação do Ciclo de Vida como Instrumento de Gestão
Centro de Tecnologia de Embalagem – CETEA / ITAL
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Avaliação do Ciclo de Vida - ACV
Leda Coltro
1.1 Introdução
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta que permite avaliar o impacto ambiental potencial
associado a um produto ou atividade durante seu ciclo de vida. A ACV também permite identificar quais
estágios do ciclo de vida têm contribuição mais significativa para o impacto ambiental do processo ou
produto estudado. Empregando a ACV é possível avaliar a implementação de melhorias ou alternativas para
produtos, processos ou serviços. Declarações ambientais sobre o produto podem se basear em estudos de
ACV, bem como a integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos (
design for
environment
).
Os estudos de ACV tiveram início na década de 60, com a crise do petróleo, que levou a sociedade a se
questionar sobre o limite da extração dos recursos naturais, especialmente de combustíveis fósseis e de
recursos minerais. Os primeiros estudos tinham por objetivo calcular o consumo de energia e, por isso,
eram conhecidos como “análise de energia” (
energy analysis
). Estes estudos envolviam a elaboração de um
fluxograma de processo com balanço de massa e de energia. Logo, dados sobre consumo de matérias-
primas e de combustíveis e sobre os resíduos sólidos gerados eram contabilizados automaticamente. Por
esta razão, alguns analistas se referiam a estes estudos como “análise de recursos” (
resource analysis
) ou
“análise do perfil ambiental” (
environmental profile analysis
).
O interesse por estudos de ACV enfraqueceu após a crise do petróleo. Porém, a ACV ressurgiu na década
de 80 em decorrência do crescente interesse pelo meio ambiente. A partir de 1990, os estudos de ACV se
expandiram muito e foram impulsionados pela normalização proporcionada pela série de normas ISO
14040, com conseqüente aumento do número de estudos, publicações, conferências e congressos, os
quais ainda continuam aumentando.
1.2 Normalização
Muitos estudos de ACV, aparentemente iguais, chegavam a conclusões diferentes devido às considerações
feitas, fronteiras adotadas, idade dos dados, tecnologias, logística de abastecimento de matérias-primas e
matriz energética, que são fatores críticos para os parâmetros inventariados. Estes estudos diferiam
inclusive na interpretação do que seria um sistema mais adequado para o meio ambiente. Apesar de todas
estas restrições, estudos comparativos foram divulgados e causaram impacto no mercado de produtos
concorrentes.
Assim, ficou evidente a necessidade de padronização da metodologia de ACV. A Instituição que mais
contribuiu neste sentido foi a SETAC –
Society of Environmental Toxicology and Chemistry
que reuniu
pesquisadores líderes na área para discutir o tema ACV em cerca de nove conferências internacionais
organizadas entre os anos de 1990 e 1993. Deste esforço resultou a publicação
SETAC Guidelines for Life
Cycle Assessment – a Code of Practice
(CONSOLI et al., 1993)
, que foi
o primeiro documento voltado à
padronização da metodologia de ACV e que, mais tarde, orientou os trabalhos de normalização
internacional da ISO –
International Organization for Standardization.
Os trabalhos de normalização internacional da ACV pela ISO envolveram mais de 300 especialistas em
ACV de cerca de 29 países, que atuaram direta ou indiretamente na padronização, e que geraram a série
de normas ISO 14040 relativas à ACV:
1,2,3,4,5,6,7,8,9 11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,...75