Brasil
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2020
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fatores que influenciam o mercado de bens de consumo
Mudanças na estrutura familiar
No Brasil (IBGE, s.d.), verifica-se uma tendência
de mudança gradativa na estrutura das famílias, de for-
ma um pouco mais acentuada na quantidade de casais
com filhos que, em 17 anos, diminuiu sua participação
relativa de 59,35% para 47,30%, aproximadamente
(Figura 2.3). Em sentido oposto, ocorreu um aumento
da quantidade de casais sem filhos (de 12,88% para
17,40%), de famílias unipessoais (de 7,26% para
11,50%) e de mulheres sem cônjuge e com filhos (de
15,06% para 17,40%).
Essas mudanças no perfil da família brasileira
afetam o mercado de bens de consumo, com o aumento
da participação relativa das estruturas familiares não
tradicionais. Por exemplo, a categoria familiar DINK
(Dual Income No Kids), que poderá representar perto
de 20% das famílias até 2020, costuma se caracte-
rizar pela forte propensão à busca de satisfação por
meio da compra de bens de consumo. O crescimento
das famílias unipessoais tende a ampliar a demanda
por porções e embalagens menores de alimentos e be-
bidas, produtos de higiene e limpeza e cosméticos,
entre outros.
Urbanização
Desde 1980, o Brasil possui uma população pre-
dominantemente urbana, verificando-se um aumento
progressivo década após década. Em 2010, mais de
160 milhões de pessoas já residem em cidades, acima
de 84% da população total (POPULAÇÃO..., 2012).
Essa população está acostumada ao mercado de bens
de consumo peculiar das cidades, caracterizado pela ne-
cessidade de maior conveniência. Mesmo assim, alguns
aspectos merecem destaque, tais como as diferenças
regionais, a distribuição das pessoas por município e a
formação das regiões metropolitanas e das megacidades.
Regionalmente, os dados do último censo de-
mográfico (IBGE, 2010) indicam que as regiões Sul
(84,93%) e Centro-Oeste (88,82%) posicionam-se pró-
ximas da média nacional. Porém, ocorre maior concen-
tração na Região Sudeste (92,92%) e populações urba-
nas relativamente menores nas regiões Norte (73,51%)
e Nordeste (73,13%).
Em relação à distribuição da população, verifi-
ca-se que 45,19% dos municípios têm menos de 10
mil habitantes, compreendendo somente 4,73% da
população urbana total (7,6 milhões de habitantes).
Nesses municípios, acima de 40% das pessoas vivem
em zona rural. Por outro lado, metade da população
urbana brasileira (51,45%, 82,7 milhões de habi-
tantes) está concentrada em apenas 2,39% dos mu-
nicípios que possuem acima de 100 mil habitantes,
dos quais acima de 90% residem em zonas urbanas
(IBGE, 2010).
Outro aspecto diz respeito às grandes aglomera-
ções urbanas. De acordo com o CENSO (IBGE, 2010),
o Brasil possui 36 regiões metropolitanas e 3 regiões
integradas de desenvolvimento (Tabela 2.3). A Região
Sudeste concentra quase a metade da população ur-
bana residente nessas regiões, compreendendo as três
cidades brasileiras mais populosas: São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte. Pode-se observar que existem
diferenças entre as várias regiões, quanto ao porcentual
de pessoas residindo em áreas urbanizadas, variando
desde 53,17% até 99,37%. Portanto, as regiões menos
saturadas ainda têm capacidade para absorver morado-
res provenientes de zona rural, ou seja, novos consumi-
dores que tenderão a incorporar os hábitos de consumo
da vida urbana.
Tais diferenças sugerem que a evolução dos há-
bitos de consumo nas próximas décadas deverá ocorrer
com dinâmicas distintas conforme as regiões, aspecto
que deve ser levado em consideração na análise das
tendências identificadas neste trabalho.