Brasil
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2020
198
sustentabilidade & ética
Responsabilidade do produtor estendida
Num mundo globalizado como o atual, com o for-
talecimento das redes sociais e com o crescimento da
importância do papel do consumidor, muitos fabrican-
tes já perceberam a necessidade de ter uma atuação
mais ampla junto à sociedade, estendendo a responsa-
bilidade em relação aos seus produtos para muito além
dos seus portões. Tal movimento tem sido chamado de
Extended Producer Responsability (EPR), ou seja, a
responsabilidade do produtor estendida.
A publicação de relatórios de sustentabilidade,
segundo o GRI Initiative, já é uma prática incorporada
pelas empresas que possuem compromisso com o de-
senvolvimento sustentável e que já praticam os princí-
pios do EPR. As iniciativas envolvem ações em toda a
cadeia produtiva. O GRI foi concebido para que se pos-
sam comunicar de forma clara e transparente as ações
empresariais de âmbito econômico, ambiental e social,
segundo uma métrica por meio da qual a empresa pos-
sa se comparar tanto internamente quanto externamen-
te. O GRI envolve princípios de equilíbrio, comparabili-
dade, exatidão, periodicidade, confiabilidade e clareza
(GLOBAL REPORTING INITIATIVE, 2011).
A Coca-Cola tem se posicionado claramente nesse
sentido, pois percebeu que quem pratica os princípios da
sustentabilidade tem uma “licença social” para operar,
já que a importância de ser mais sustentável é um valor
claramente percebido pelo consumidor. A inclusão das di-
retrizes ambientais também está relacionada à segurança
da existência de matérias-primas (Resource Security) que
consumirá nos próximos 10, 20 ou 50 anos. Dentre as
suas diretivas no caminho de tornar suas embalagens mais
sustentáveis, podemos destacar: redução do peso de suas
embalagens de PET, alumínio, aço e vidro, eliminação de
ineficiências nos processos de envase, redução do lixo que
vai para aterros, uso de materiais reciclados (PET) e o de-
senvolvimento de novos materiais a partir de fontes reno-
váveis como o Bio PET para a Plant Bottle. Além das ações
diretamente na embalagem, existem ações em relação à
água, à logística, à eficiência energética das geladeiras
dos refrigerantes nos pontos de venda e às informações
para o consumidor, dentre outras (COCA-COLA, 2009).
O relatório de sustentabilidade da Dow Química de
2011 (DOW, 2011), que recebeu a codificação A+ por
ter sido validada por terceira parte, já mostra na capa o
seu envolvimento com a geração de energia eólica, óle-
os mais saudáveis e a extensão da vida útil de frutas e
hortaliças. No relatório são mostradas iniciativas como
a melhora na sua eficiência energética, a publicação da
avaliação da segurança e dos riscos de seus produtos,
a remoção de gorduras trans e saturadas, seus índices
de redução de carbono, o seu envolvimento para a pro-
dução de biopolímeros a partir da cana-de-açúcar, suas
emissões para o ar, água e resíduos sólidos, o número
de acidentes, doenças, treinamentos a funcionários, res-
peito aos direitos humanos, a igualdade de gênero e as
relações com fornecedores e a sociedade, dentre outras.
Além das publicações corporativas, a responsabi-
lidade estendida tem se manifestado por intermédio de
relatórios setoriais, como o da Confederação Nacional Da
Indústria (CNI, 2012). O relatório, disponibilizado nas ver-
sões em português e inglês, tem o objetivo de comunicar à
comunidade global o perfil da indústria brasileira de alumí-
nio. O Brasil tem como peculiaridades a utilização de uma
matriz energética renovável, baseada na energia renovável
de hidrelétricas e um alto índice de reciclagem (36% do
total de alumínio produzido e 97,6% das embalagens con-
feccionadas), o que lhe confere um diferencial competitivo
da sua pegada de carbono de 4,2 toneladas de CO
2
eq por
tonelada de alumínio produzida, medida desde a mineração
até a reciclagem, em relação à média mundial 9,7 t CO
2
eq.
Divulga-se nesse relatório que 85% das áreas mineradas
de bauxita já foram reabilitadas e devolvidas ao seu uso
original, com replantio de vegetação nativa. O setor mostra
a sua representatividade social para o País com a geração
de 384 mil empregos diretos e indiretos em 2010 e pelo
investimento de 17 milhões de reais, em 2009, em proje-
tos envolvendo educação, cultura, saúde e segurança para
funcionários e a sociedade (CNI, 2012).
7.6 CREDIBILIDADE & ÉTICA