Brasil
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2020
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sustentabilidade & ética
Também é importante incluir a análise dos possíveis tra-
de-offs, ou seja, possíveis pontos ambientalmente desfa-
voráveis decorrentes da implementação de novos proces-
sos, como, por exemplo, o aumento das emissões para a
água quando se aumenta a taxa de reciclagem e a perda
de produtos acondicionados quando se reduz a massa
de algumas embalagens que se tornam mais frágeis etc.
O Life Cycle Thinking, atualmente pode ser con-
siderado como uma das mais importantes ferramentas
para o desenvolvimento de embalagens e produtos que
almejam se tornar mais sustentáveis. Para as embala-
gens, esse conceito se traduz no “repensar a embala-
gem associada ao seu ciclo de vida, desafiando seus
limites de peso, formato, materiais e acessórios, sem,
entretanto, comprometer a integridade e a vida útil
do produto”. Quando a disposição de se tornar menos
custoso ao meio ambiente torna-se uma meta clara e
definida, as inovações reduzem o peso do que não é
essencial; vão aos limites das necessidades técnicas;
valorizam mais a eficiência do que a beleza e geram
opções de embalagens mais responsáveis.
Quando se otimiza a relação de produto ou servi-
ço fornecido pela quantidade de embalagem utilizada,
indiretamente se reduz o consumo de recursos naturais,
como petróleo, água, areia, carvão e minérios, dentre
outros, e, consequentemente, as emissões decorrentes
para o ar, água e solo. Dessa forma, a otimização de
materiais deve ser uma das prioridades na busca por
sistemas com menor impacto ambiental.
Esse também é um conceito veiculado internacio-
nalmente como Doing More with Less (Fazer mais com
menos), ou seja, independentemente do material que se
esteja utilizando, é importante tentar reduzir o seu consu-
mo, otimizar o seu uso e repensar a embalagem de forma
que se possa gerar os mesmos produtos utilizando menos
recursos naturais. Um bom exemplo foi o lançamento do
Clever Little Bag, um novo conceito para embalagem de
tênis da marca Puma (Figura 7.6). Após meses de estu-
do de ACV da cadeia produtiva, a caixa foi radicalmente
reduzida para um saco reciclado externo e um esqueleto
de cartão interno para dar estrutura. Usando o conceito de
“usar menos”, a Puma reduziu em 65% o uso do cartão,
bem como de plástico e diesel (DENT, 2011).
Nesse sentido, devem-se destacar algumas inicia-
tivas, que por sua relevância podem ser tomadas como
exemplo. A rede Walmart, numa iniciativa pioneira para
um setor de comercialização e distribuição, consciente
do seu poder como companhia de varejo, desafia seus
fornecedores a repensar seus produtos para que os mes-
mos tragam melhorias ambientais.
FIGURA 7.6
Exemplo de embalagem
desenvolvida com o conceito
Doing More with Less
Fonte: DENT, 2011
A rede Walmart do Brasil, em parceria com o Cen-
tro de Tecnologia de Embalagem do Instituto de Tecno-
logia de Alimentos (CETEA/ITAL), entre 2009 e 2010,
lançou o Projeto End-to-End, do qual participaram dez
empresas que apresentaram, após 18 meses de traba-
lho, evolução no desempenho ambiental de seus produ-
tos baseada nos princípios do Life Cycle Thinking: 3M
do Brasil (esponja de curauá), Cargill Agrícola (linha de
óleos Liza), CP Colgate-Palmolive (Pinho Sol), Coca-Co-
la Brasil (Matte Leão), Johnson & Johnson (Band-aid),
Nestlé (água mineral Pureza Vital), Pepsico do Brasil
(Toddy orgânico), Procter & Gamble (fraldas Pampers
total comfort), Unilever Brasil (Comfort concentrado)
e Marcas Próprias Walmart (sabão em pedra Topmax)
(WALMART, 2010) .
O sucesso e a repercussão da iniciativa da parce-
ria distribuidor-fabricante-instituição de pesquisa, levou
à segunda edição do mesmo projeto, desenvolvida entre
2010 e 2011. Nessa segunda fase, as ações de melho-