Avaliação do Ciclo de Vida como Instrumento de Gestão
Centro de Tecnologia de Embalagem – CETEA / ITAL
27
A principal fonte de matéria-prima para a produção do vidro é o óxido de silício ou a sílica (substância
vitrificante ou formadora do vidro), obtida geralmente por extração convencional, tanto de origem marinha
como fluvial, ou de jazidas naturais. Embora possa ser produzido um vidro à base de sílica pura, este
material isolado apresenta um ponto de fusão elevado, na faixa de 1.700°C a 1.800°C, exigindo fornos
especiais e que o torna economicamente inviável. Mesmo a essa temperatura elevada, o vidro de sílica pura
apresenta uma viscosidade muito alta, imprópria para os processos de moldagem.
Para reduzir a temperatura de fusão da sílica e permitir que o processo de fabricação do vidro seja técnico e
economicamente viável, adiciona-se à sílica o óxido de sódio (Na
2
O) e/ou de potássio (K
2
O), os quais atuam
como fundentes ou fluxos. O carbonato de sódio (Na
2
CO
3
), fornecedor do óxido de sódio na composição do
vidro, é o componente mais significativo no custo das matérias-primas do vidro, podendo representar até
60% desse valor. O óxido de potássio é obtido do feldspato, mineral complexo constituído por
aluminosilicato duplo de sódio e potássio - KNa(AlSi
3
O
8
), também extraído de jazidas naturais. Além do
óxido de potássio, o feldspato é fonte de outros elementos do vidro, tais como o óxido de alumínio (Al
2
O
3
)
ou alumina, o óxido de sódio (Na
2
O) e a sílica.
Um vidro formado exclusivamente a partir de sílica e sódio possui um baixo ponto de fusão, mas uma alta
solubilidade e, conseqüentemente, baixa resistência química, podendo favorecer um ataque preferencial do
material pela água e levar a uma perda progressiva da transparência e da superfície lisa características do
vidro. Portanto, faz-se necessária a substituição de parte do Na
2
O por óxido de cálcio (CaO), óxido de
magnésio (MgO) ou óxido de alumínio ou alumina (Al
2
O
3
). Essas substâncias são denominadas
estabilizantes, uma vez que a sua presença confere um significativo aumento da resistência química e
mecânica do vidro, evitando que seja solubilizado pela água. Os estabilizantes também conferem uma curva
de viscosidade mais adequada ao processo de fabricação do vidro. O óxido de cálcio é fornecido ao vidro
através do carbonato de cálcio (CaCO
3
) e o óxido de magnésio através da dolomita, mineral constituído de
carbonato duplo de cálcio e magnésio (CaMgCO
3
), ambos extraídos de jazidas naturais (pedreiras).
O vidro de embalagem é, portanto, obtido a partir desses três elementos básicos, sendo constituído
fundamentalmente pelo óxido de silício.
A incorporação de vidro reciclado às matérias-primas naturais também tem adquirido grande importância no
processo de fabricação das embalagens de vidro, devido às questões ambientais e econômicas.
Do ponto de vista ecológico, com a adição de caco de vidro reduz-se a quantidade de resíduo descartado,
além de reduzir a extração e utilização dos minerais que constituem as matérias-primas do vidro. Também é
possível reduzir o consumo de combustíveis para a geração de energia, minimizando os problemas de
poluição ambiental.
O caco de vidro recuperado e tratado, seja proveniente de rejeitos de fabricação ou de outras fontes,
constitui uma matéria-prima que apresenta vantagens tecnológicas, pois melhora sensivelmente o processo
de fusão, gerando economia no consumo de energia, além de possibilitar um aumento de produtividade
sem incrementar significativamente o consumo de energia.
O caco de vidro pode ser classificado em três grupos quanto à sua origem:
Material gerado na própria vidraria e no mesmo forno, portanto, com a mesma composição química do
vidro em produção e podendo retomar à mistura sem qualquer correção;
Material proveniente de outra fonte geradora como, por exemplo, um outro forno de fusão. Neste caso,
o caco de vidro deve ser considerado no cálculo da composição do vidro à qual será incorporado;
Material de origem desconhecida, proveniente de um processo de reciclagem. Neste caso, deve ser
considerado como uma matéria-prima qualquer, realizando-se análises químicas que assegurem a
compatibilidade com a composição na qual será agregado.
O maior problema relativo à utilização de vidro reciclado é a presença de contaminantes, mais freqüente no
caco coletado fora da vidraria. Como exemplo, tem-se metais que atacam os refratários dos fornos e
materiais que não fundem e podem constituir inclusões sólidas no produto final.
Outra questão referente ao uso de material reciclado é a necessidade de separação por cor, uma vez que
na produção do vidro incolor só é possível adicionar cacos de vidro incolor.
Para facilitar a análise de cada uma das várias etapas que integram o processo de fabricação das
embalagens de vidro, apresenta-se na figura 3.1 um diagrama esquemático simplificado indicando as
principais etapas de produção.
1...,20,21,22,23,24,25,26,27,28,29 31,32,33,34,35,36,37,38,39,40,...75