Avaliação do Ciclo de Vida como Instrumento de Gestão
Centro de Tecnologia de Embalagem – CETEA / ITAL
29
Quanto maior a distância de distribuição do produto acondicionado, maior o custo ambiental associado ao
transporte (consumo de combustíveis e emissões para o ar), devendo ser considerado o tipo de transporte e
a capacidade de carga dos meios de transporte empregados na distribuição do produto e no retorno das
embalagens vazias para um novo ciclo de uso. Deve ser contabilizado ainda o gasto energético e de água
para a higienização das embalagens de retorno anteriormente ao acondicionamento do novo produto.
A energia envolvida num determinado sistema ou produto, de forma geral, é caracterizada como um
importante parâmetro quando aplicado em estudos envolvendo Avaliação do Ciclo de Vida ou em estudos
envolvendo Análise de Impacto Ambiental, pois podem ser associados ao consumo de recursos naturais e a
emissões de poluentes para o ar, como o gás carbônico (CO
2
), monóxido de carbono (CO), particulados,
compostos orgânicos voláteis (COV), óxidos de nitrogênio (NOx) e de enxofre (SOx), etc.
Um exemplo teórico, apresentado na figura 3.2, ilustra a interpretação dos resultados de aplicação de ACV
para um sistema de embalagem retornável, por meio de um modelo que considera a energia total requerida
no ciclo de vida em função do número de retornos (GARCIA, 2002).
20000
18000
16000
14000
12000
10000
8000
4000
2000
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
6000
Energia total do sistema (MJ)
Número de retornos
Raio de distribuição 200km
Raio de distribuição 1000km
Descartável com reciclagem
Descartável sem reciclagem
Figura 3.2 – Relação entre a energia total associada a um sistema de embalagem e o número de
retornos para a unidade funcional de 1.000 kg de produto comercializado/consumido (GARCIA, 2002)
De acordo com a figura 3.2, pode-se observar que, para uma mesma distância ou raio de distribuição, a
energia total diminui à medida que aumenta o número de retornos (viagens), tendendo a um valor mínimo
que expressa o gasto energético associado à etapa de lavagem, higienização, transporte do produto,
embalagens secundárias, retorno das embalagens vazias e reposição de embalagens que deixam o sistema
(devido à quebra). Desta forma pelo exemplo apresentado, a partir de cerca de 20 retornos, o aumento do
número de viagens da embalagem retornável não interfere significativamente na energia total requerida pelo
sistema.
Comparando-se as curvas obtidas para os cenários de 200 e de 1.000 km de raio de distribuição, observa-
se que o aumento da distância de distribuição requer maior consumo de energia, reduzindo a vantagem do
sistema retornável.
Encontram-se ainda ilustrados na figura 3.2, dois exemplos de embalagem descartável de mesmo material,
considerando duas situações:
sem reciclagem
com alta taxa de reciclagem pós-consumo
Neste exemplo, é possível observar que, para uma distância de distribuição de 200 km, a partir de 6
retornos o sistema retornável passa a consumir menos energia do que o sistema descartável (com alta taxa
de reciclagem). Entretanto, no cenário de 1.000 km, o sistema descartável com alta taxa de reciclagem pós-
consumo revela-se uma melhor opção que o sistema retornável.
É importante ressaltar que as embalagens descartáveis, normalmente, são mais leves (possuem menor
massa comparativamente às embalagens retornáveis) e, portanto, encontram-se associadas a um menor
1...,22,23,24,25,26,27,28,29,30,31 33,34,35,36,37,38,39,40,41,42,...75