Postado em 07/05/2014 09:43:51
Por Carla Gomes (MTb 28156) e Fernanda Domiciano
A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) elabora, pela primeira vez, o balanço social e econômico de suas pesquisas agropecuárias. O resultado, apesar de esperado, surpreende: a cada um R$ 1,00 investido nos seis Institutos de Pesquisa da APTA e os 14 Polos Regionais, tem-se o retorno de R$ 11,80. As informações estão na publicação Ciência Agropecuária Paulista: Pesquisa e inovação gerando produtividade e qualidade de vida, que será apresentada ao público durante a Agrishow 2014. O objetivo da obra é dar retorno aos diversos investidores da pesquisa paulista, como o Governo do Estado de São Paulo, as agências de fomento e a iniciativa privada, além de informar também à sociedade em geral sobre os benefícios proporcionados pela ciência que estão incorporados no cotidiano. A APTA é ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. A publicação completa pode ser acessada no link: http://www.apta.sp.gov.br/revista_apta/apta_2014.php
O período considerado é de 2010 a 2013, quando foram destinados R$ 1,072 bilhão à APTA, sendo 77% dos recursos provenientes do Governo do Estado de São Paulo, 14% da iniciativa privada e 6,7% das agências de fomento estaduais e federais. O retorno econômico anual da APTA foi estimado em cerca de R$ 3,2 bilhões no período 2010-2013. “Selecionamos 41 tecnologias já adotadas pelos setores de produção para essa análise, mas há muitos outros pacotes tecnológicos ainda não dimensionados, o que nos leva a afirmar que o impacto da pesquisa paulista é seguramente maior”, afirma Orlando Melo de Castro, Coordenador da APTA. Os cálculos foram feitos segundo metodologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Na publicação são apresentadas 41 pesquisas realizadas pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, Instituto Biológico (IB), Instituto de Economia Agrícola (IEA), Instituto de Pesca (IP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Instituto de Zootecnia (IZ), além das unidades de pesquisa da APTA Regional. A publicação é dividida em 12 capítulos: Todo dia é dia de..., Matéria-prima que nasce no campo, Sanidade animal, Vocação regional, agregação de valor e nichos de mercado, Alimentos biofortificados, Modernização da indústria nacional, Segurança e saúde do trabalhador, Transferência de tecnologia e capacitação de pessoas, Informações valiosas, Internacionalização, Retorno social e Metodologia dos cálculos.
A publicação traz em suas 164 páginas informações sobre tecnologias para pequenos produtores, como a limpeza do vírus que atacava hortênsias. A tecnologia gerada pela APTA, por meio do IAC e do IB, resultou em qualidade que dobrou o valor das plantas no mercado. O consumidor voltou a adquirir hortênsia azul com a beleza conhecida e os produtores da Associação dos Floricultores da Região da Via Dutra (Aflord) atingiram o objetivo de recuperar o negócio. Com a tecnologia da APTA, eles comercializam cerca de 800 mil vasos de hortênsias por ano, todos provenientes de matrizes sadias, rendendo R$ 8 milhões anuais, aproximadamente.
Informações sobre o desenvolvimento e transferência de tecnologia para produtores de cogumelos também estão na publicação, assim como os pacotes tecnológicos para os setores liderados por São Paulo, como cana, carne e citros. Tem também inovações que modernizaram a indústria de chocolates e de bebidas, com o desenvolvimento da garrafa para uso exclusivo de cerveja, e os sistemas que proporcionaram ganhos de peso e redução de tempo de abate de bovinos. A leitura deixa clara a determinante presença da ciência agropecuária paulista na diversidade do agro São Paulo e também nos segmentos em que a liderança é paulista. Além das informações dos pesquisadores, produtores rurais, associações e parceiros foram ouvidos pela APTA. É o caso do Grupo Raízen, Cacau Show, Inmetro, Arysta LifeScience, Camil e até mesmo o chef de cozinha, Alex Atala, que serve no D.O.M. o arroz preto IAC 600.
APTA é a maior instituição estadual de pesquisa no Brasil e a segunda maior do País
Em 2013, 1.531 projetos de pesquisa estiveram em desenvolvimento na APTA, nas áreas de agroexportação, grãos e fibras, proteína animal, hortícolas e agronegócios especiais, desenvolvimento regional, políticas públicas e bens de capital e informações.
Só em 2013 foram produzidos 386 mil quilos de sementes básicas, destinadas à multiplicação comercial para o atendimento da demanda dos agricultores. Esses materiais levaram à obtenção de altas produtividades nas lavouras, associadas a ganhos de qualidade na produção final. A APTA tem cerca de 220 normas e procedimentos laboratoriais certificados ou acreditados com a ISO 17025. É a instituição de pesquisa líder nesse quesito. De 2010 a 2013, foram realizadas mais de 1,2 milhão de análises laboratoriais. Só em 2013, foram feitas 290 mil análises.