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No dia internacional do meio ambiente, pesquisadores do ITAL falam de consumo sustentável
Profissionais se dedicam a pesquisas, consultorias e difusão do debate

Postado em 04/06/2008 00:00:00

#No dia 5 de junho, o meio ambiente é lembrado no mundo todo. Seu dia internacional foi escolhido pelas Organizações das Nações Unidas lembrando a Conferência de Estocolmo (Suécia), realizada em 1972, que resultou em importantes recomendações sobre o assunto. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento) lembram que, em meio à ebulição das discussões sobre questões ambientais, o tema consumo sustentável não encontra o espaço que deveria. O conceito se relaciona àquilo que é realmente necessário para a satisfação da população do planeta, de modo que as futuras gerações tenham as mesmas condições de se satisfazerem. A criação do ITAL está ligada a este conceito, já que uma das grandes motivações de sua fundação foi o intuito de diminuir perdas de produtos agrícolas por meio de tecnologias de processamento de alimentos e bebidas. Mais tarde, a criação do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea-ITAL) veio a completar esta disposição, pois a embalagem é uma parte importante do trajeto que faz chegar ao consumidor um alimento seguro. As histórias do ITAL e do Cetea-ITAL estão vinculadas, deste modo, à otimização do uso dos recursos do meio ambiente visando à conservação e ao abastecimento. O Instituto acompanhou o aumento de preocupação com o meio ambiente e, há mais de uma década, passou a se dedicar a uma ferramenta que determina o custo ambiental total de um produto: a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). “A ACV estuda o produto ‘do berço ao túmulo’. Para melhorá-lo, temos que aprimorar todos os seus aspectos. Não fazemos estudos de ACV como ferramenta de marketing, mas como um diagnóstico, e apontamos como melhorar. E, do ponto de vista do meio ambiente, posso e devo melhorar sempre”, conta a pesquisadora Eloísa Elena Corrêa Garcia. Nesse sentido, a indústria procura o ITAL para fazer estudos de ACV e, nos últimos dois anos, houve um aumento da demanda por desenvolvimento de produtos com menor #impacto ambiental. “Damos também muitas palestras, escrevemos artigos e livros, porque achamos que é muito importante popularizar essa discussão”, completa o pesquisador do Cetea-ITAL, Guilherme Castilho de Queiroz. A discussão que os profissionais se empenham em disseminar tem como pressupostos básicos a otimização e a educação para a promoção de ações nas esferas governamental, industrial e pessoal. Um ponto central de controvérsia que envolve o consumo sustentável é o desenvolvimento econômico. Há um argumento segundo o qual o estímulo do consumo sustentável poderia significar um entrave para a economia. “O consumo sustentável é uma mudança de cultura que não vai levar à estagnação da economia; vai levar a modos diferenciados de ação da economia. Até onde vamos fazer só o que é interessante para a economia e não vamos pensar no meio ambiente? Temos que ter o desenvolvimento econômico, o social e pensar o meio ambiente, tudo ao mesmo tempo”, defende Eloísa. O assunto é amplo e o desafio é grande. Os pesquisadores pontuam, no entanto, ações que podem fazer toda a diferença. A redução do desperdício é uma delas. Hoje, há tecnologia disponível, por exemplo, para o aproveitamento dos resíduos gerados por grande parte dos processos industriais e sua transformação em subprodutos. Essa postura pode tornar a industrialização, inclusive, um instrumento do consumo sustentável. Ainda no âmbito industrial, racionalizar os processos, a logística e planejar os produtos com vistas no menor impacto ambiental possível é uma maneira de satisfazer as necessidades de consumo sem desconsiderar o ambiente. Já no que se refere às ações governamentais, Queiroz ressalta a importância da manutenção de organismos de discussão que resultem em políticas públicas. “As políticas de desenvolvimento sustentável têm que ser muito firmes, porque o marketing do desenvolvimento econômico é muito forte. É importante que o governo tenha políticas públicas e instituições na linha do desenvolvimento sustentável”, ressalta. #O consumidor é, do mesmo modo, um agente de importância central no processo. “Ele tem que entender quanto custa o seu consumo e racionalizar. Temos que questionar nossos hábitos, preferir produtos que foram dimensionados de uma forma melhor para o meio ambiente e, ao final do uso, termos a responsabilidade para dar o destino adequado para aquele resíduo, para que ele volte ao ciclo produtivo, economizando o meio ambiente”, ressalta Eloísa. Racionalizar o consumo pode ser entendido, nesse caso, como ações que incluem, por exemplo, pensar na real necessidade de utilizar uma sacola, de imprimir um e-mail, adquirir apenas a quantidade de alimento que vai ser ingerida. Já fazer com que o produto volte para o ciclo produtivo se traduz em reciclagem. Este é, inclusive, mais um tema de atenção do Cetea-ITAL. Queiroz realiza trabalhos que visam verificar e aprimorar embalagens confeccionadas a partir de material reciclado pós-consumo. Melhorando a qualidade do produto feito com material reciclado, a tendência é uma maior valorização de sua cadeia produtiva. Mesmo que o uso de reciclado já seja grande para o segmento de embalagem, o desenvolvimento tecnológico tem muito trabalho pela frente, no sentido de possibilitar novos usos e aprimorar as aplicações já feitas. A esse respeito, os pesquisadores chamam a atenção para um engano corrente: a supervalorização do conceito de degradação dos materiais. Está muito disseminada a idéia de que tanto melhor é o produto quanto mais rápido ele se degradar e desaparecer da natureza. Queiroz e Eloísa enfatizam que a discussão deve ser deslocada. Em primeiro lugar, o material não deve ser jogado na natureza, mas inserido na cadeia de revalorização. Em segundo, sob o prisma da reciclagem, o conceito se inverte: quanto mais tempo um material puder durar, mais vezes ele poderá ser reaproveitado e postergar uma nova retirada de recursos naturais. Para levantar os pontos corretos e mobilizar toda a sociedade para uma cultura oposta à do consumismo exacerbado, que “bombardeia” o consumidor todos os dias e de várias maneiras, a educação se mostra o primeiro motor do consumo sustentável. “A educação perpassa toda a sociedade para buscar o desenvolvimento sustentável”, afirma Guilherme. “Outra coisa que temos que entender: o futuro do planeta, não é para os nossos netos. Espero que a vida do planeta continue por milhares de anos, não quero que ele acabe porque o homem não conseguiu gerenciar seus recursos. De repente, parece um desafio tão grande que pode nos paralisar. Mas podemos trabalhar de uma forma gradual”, conclui Eloísa. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Foto: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1757