Postado em 07/11/2007 00:00:00
#O projeto Tecnologia de quebra do coco babaçu (Orbgnyaspeciosa) foi agraciado, hoje, com o segundo lugar na categoria de tecnologia do Prêmio von Martius, na qual concorreram 34 projetos. O prêmio é oferecido pelo Departamento de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha e está em sua oitava edição. A cerimônia de premiação aconteceu às 11 horas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Segundo a página do prêmio na Internet, trata-se de um reconhecimento do “mérito de iniciativas de empresas, do poder público, de indivíduos e da sociedade civil que promovam o desenvolvimento econômico, social e cultural com respeito socioambiental”. #O trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa Institucional de Iniciação Científica (Pibic). A pesquisadora do Grupo de Engenharia e Pós-Colheita, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento), Márcia Paisano Soler orientou o estudante Eric F. Muto no Pibic. “O prêmio foi divulgado pela Diretoria e, como vimos que o trabalho se encaixava nos requisitos, resolvemos enviar”, conta Márcia. A pesquisa A quebra do babaçu, comum na região amazônica, é marcada pelo emprego de mão-de-obra de mulheres e crianças e por uma remuneração muito baixa. Além das péssimas condições de trabalho, há o perigo de acidentes e o baixo aproveitamento do fruto. Deste modo, a pesquisa premiada teve como objetivos aproveitar melhor a matéria-prima e, ao mesmo tempo, melhorar as condições da quebra para as trabalhadoras. O trabalho foi dividido em duas etapas. A primeira, realizada entre 2004 e 2005, caracterizou o fruto e testou procedimentos de quebra. O babaçu possui um grande valor comercial, especialmente pelo seu óleo e por todas as suas partes poderem ser utilizadas. Principalmente as indústrias de cosméticos já voltaram sua atenção para o babaçu. Uma maior exploração, porém, sempre esbarra no baixo aproveitamento da quebra, que aumenta muito os custos de utilização do babaçu como matéria-prima. À segunda fase coube, assim, o desenvolvimento de equipamentos que quebrassem o coco e permitissem a obtenção das quatro partes que compõem o babaçu: epicarpo, mesocarpo, endocarpo e amêndoa. Outros dois aspectos também foram considerados essenciais: que os custos fossem baixos e o transporte para o local de extração fosse fácil. Na quebra manual, as amêndoas saíam, muitas vezes, bastante danificadas, o que prejudicava sua utilização. “Tentamos desenvolver uma tecnologia de quebra que possibilitasse o aproveitamento das amêndoas para que pudesse diminuir o custo da matéria-prima e aumentar a ‘produção’ das quebradeiras”, conta Márcia. Isso foi possível graças a dois equipamentos desenvolvidos na pesquisa: o “Corta Coco” e o “Hamster”. #O Corta Coco é composto pelo suporte e pela base. Em primeiro lugar, o epicarpo e o mesocarpo são retirados por um descascador abrasivo depois de um tratamento térmico. Depois, dois ‘cocos pelados’ - como é chamado o conjunto composto pelo mesocarpo e amêndoa do fruto – são colocados na máquina, que os corta em duas partes. Já o “Hamster” (foto) é um agitador acionado por manivela que separa a amêndoa do mesocarpo. Os dois equipamentos foram fabricados com a junção de materiais simples. A versão do “Corta Coco” construída durante a pesquisa teve um custo total abaixo de 450 reais – considerando materiais doados e já disponíveis em laboratório. O objetivo de melhorar o aproveitamento também foi atingido. Aproximadamente três de cada quatro amêndoas existentes no fruto eram extraídas inteiras, o que corresponde a aproximadamente 75% do total. Por fim, o rendimento também sofreu um grande impulso: com as máquinas, a média de cocos cortados por minuto é de 7,88. Já a média das quebradeiras é 1,85 cocos/minuto. Perspectivas Márcia conta que a idéia de aliar pesquisa tecnológica a benefício social foi central na realização do trabalho. “Se você puder ajudar a desenvolver uma região através de uma tecnologia simples, por que não?”, questiona. Por isso, espera que o prêmio ajude a divulgar a tecnologia e facilite sua incorporação pelas quebradeiras. Uma alternativa que a pesquisadora considera viável é a utilização do equipamento em associações ou cooperativas. “O objetivo sempre foi facilitar o trabalho para o pessoal do campo, não tirar o trabalho deles”, ressalta a pesquisadora. Ela revela, ainda, a intenção de montar um projeto temático em conjunto com diversas instituições com o objetivo de explorar as propriedades e potencialidades do coco de babaçu. “É uma matéria-prima muito complexa, com muita coisa para ser estudada”, conclui. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Fotos: Antônio Carriero (Márcia Soler e babaçu); arquivo da pesquisadora ("hamster") Mais informações: 19.3743.1757