Postado em 14/07/2006 00:00:00
O Enterobacter sakazakii é uma bactéria tão desconhecida quanto perigosa. Mesmo no meio científico, as informações ainda começam a ser descobertas, já que se trata de um patógeno novo. Assim, a pesquisa da técnica Rosana Siqueira dos Santos, da Microbiologia, pode ser considerada pioneira no Brasil, ainda que posteriormente tenham surgido outras (na Universidade de São Paulo e em Minas Gerais). Rosana resolveu estudar a bactéria, além de pela ausência de dados no País, justamente pelos efeitos que ela pode causar. “O sakasakii é um patógeno emergente, oportunista e que acomete um grupo bem susceptível, compreendido por crianças prematuras e/ou de baixo peso”, explica. Sua presença, em grande parte, nas fórmulas infantis em pó e reconstituídas explica porque as maiores vítimas da bactéria são recém-nascidos em unidades de cuidado neonatal intensivo impossibilitados de receber amamentação materna. As doenças que podem ser provocadas pela bactéria são diversas, como meningite neonatal e enterocolite, e podem, inclusive, levar à morte. Em alguns países já aconteceram surtos da doença, que chamaram a atenção para a necessidade da construção de um conhecimento sobre o assunto. E a pesquisa de Rosana caminha neste sentido. #Seu enfoque foi nas fórmulas infantis em pó utilizadas nos lactários de maternidades de Campinas e, em paralelo, nos utensílios empregados em sua preparação e nas fórmulas reconstituídas, onde está o maior perigo. “Nas fórmulas infantis em pó ele está presente em pequenas quantidades. O problema é após a reconstituição. Se os utensílios não forem bem higienizados pelos manipuladores, o microorganismo pode se desenvolver”, explica Rosana. Para evitar que isso aconteça, alguns cuidados devem ser tomados: reconstituição da fórmula em água fervente com resfriamento rápido seguido de refrigeração apropriada; preparação de pequena quantidade, para não haver estocagem prolongada; diminuição do tempo de espera entre preparação e consumo e do tempo de permanência em temperatura ambiente – morno - antes de ser oferecido aos pacientes. Foram, então, realizados análises e diagnósticos. A presença de Enterobacter sakazakii só foi detectada nas fórmulas infantis em pó, demonstrando que a preparação em lactários da cidade era realizada de maneira adequada. Ainda assim, é preciso que os cuidados sejam cada vez melhor divulgados. Mas, segundo Rosana, ainda há um longo caminho a ser percorrido.“O Enterobacter sakazakii não está nem na legislação brasileira. Agora que está tendo mais visibilidade para esta bactéria no Brasil”, conta. Uma dificuldade é a falta de dados no País. Rosana diz que pode ser que crianças estejam morrendo por causa da bactéria, mas que os dados não apareçam por falhas de diagnóstico e ineficiência na comunicação. Ainda assim, ela conta que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) começa a mostrar interesse no assunto. “Deveriam ser produzidos folhetos e colocados nos lactários, falando da importância da prevenção. Acho que isso deve acontecer futuramente”, acredita. Enquanto isso, divulgar as boas práticas é a melhor solução. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Foto: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1757