Por Gustavo Almeida, editado por Jaqueline Harumi | Postado em 23/06/2023 07:53:29 | Atualizado em 18/07/2023 18:02:46
O Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, apresentou em 14 de junho mais um estudo da série Alimentos Industrializados 2030. Lançada durante o evento Bio Brazil Fair, que aconteceu na capital paulista, a atual publicação se volta às alternativas vegetais disponíveis para as bebidas lácteas. O material intitulado Bebidas Plant-Based Industrializadas: alimentos alternativos para alimentação e nutrição faz uma análise comparativa de 178 bebidas à base de plantas, de 40 marcas comercializadas no Brasil, a partir das informações contidas nos rótulos sobre seus ingredientes e nutrientes. Os resultados são suficientes para derrubar vários mitos sobre esses alimentos industrializados.
Para o diretor de Assuntos Institucionais do Instituto, Luis Madi, coordenador do projeto Alimentos Industrializados 2030, o estudo visa difundir conhecimento em busca de um melhor entendimento da ciência e tecnologia dos alimentos por parte da sociedade brasileira. “Trata-se de mais um passo alinhado à missão do Ital de contribuir para a evolução das áreas de alimentos, bebidas e embalagens, de forma a levar benefícios ao consumidor e à sociedade, dessa vez com foco na cadeia de bebidas plant-based, estratégica para o estado de São Paulo e para o Brasil”, comenta.
Atenta às tendências de consumo, a publicação, fruto da parceria do Ital com The Good Food Institute (GFI Brasil), ressalta que a diversidade de produtos existentes no mercado impede que sejam feitas alegações genéricas sobre seu conteúdo nutricional e que, de modo geral, as bebidas plant-based podem fazer parte de uma dieta nutritiva e equilibrada. De acordo com a matéria-prima utilizada, os produtos foram analisados em diferentes categorias de vegetais: cereais, leguminosas, oleaginosas, frutos e bases mistas.
O documento aponta também algumas tendências de consumo que têm levado o público a procurar produtos do tipo. Entre elas estão a preocupação com a saúde, através da obtenção de nutrientes como vitaminas, minerais, fibras e gorduras saudáveis, e com a sustentabilidade, a partir da percepção do consumidor de que alimentos plant-based são menos demandantes de recursos naturais. Além disso, as empresas têm buscado atender às expectativas de consumo, como características sensoriais mais próximas ao leite de origem animal.
Mitos e verdades em um mercado diverso
Na publicação o Ital e o GFIl analisaram uma série de critérios referentes às bebidas plant-based, buscando traçar o panorama dos produtos comercializados no Brasil e separar o que é informação confiável e o que há de inverdade quando se aborda o tema. No que se refere à sustentabilidade, ficou demonstrado que há uma relevante variação entre os produtos no que diz respeito ao impacto ambiental, uma vez que, de acordo com a literatura científica apresentada, matérias-primas como aveia ou batata são substancialmente menos demandantes de recursos que amêndoas, por exemplo, e produzem menor impacto climático.
Quanto aos aspectos nutricionais, também ficou evidenciada grande variabilidade em função da base vegetal utilizada e da adição ou não de outros ingredientes nos produtos analisados. Nesse ponto, o trabalho se propõe a apontar e combater alguns mitos por vezes propagados sobre esse tipo de alimento. Assim, informa-se que as bebidas plant-based industrializadas podem, sim, conter quantidades expressivas de proteína, fibras alimentares, vitaminas (inclusive B12) e minerais, a despeito de, por vezes, ser dito incorretamente o contrário. É mostrado também que o teor calórico varia bastante, de acordo com a marca e tipo de produto, sendo que apenas uma pequena parte (menos de 3%) ultrapassa 150 kcal por porção de 200 mL. Não é correto, portanto, apontar as bebidas à base de plantas como alimentos altamente calóricos quando a realidade observada é justo a contrária na maior parte das vezes. Da mesma forma, apesar de haver variação entre os produtos analisados, a grande maioria apresenta baixos níveis de açúcares e de gorduras saturadas, além de ser isenta de gorduras trans. Quanto ao sódio, predominaram as bebidas com teor considerado baixo ou muito baixo.