Postado em 14/11/2018 08:05:52
Casos de sucesso e modelos de empreendedorismo e gerenciamento da inovação em economia sustentável inspiraram dezenas de participantes ao longo dos dois dias do 14º Workshop em Bioeconomia, evento gratuito realizado na última semana no Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O workshop organizado com o Fraunhofer IVV, instituto alemão dedicado a engenharia de processos e embalagem, deu início às ações estratégicas em Políticas Públicas do Agropolo Campinas-Brasil, plataforma interinstitucional fundamentada no conceito da inovação colaborativa.
“Muitos cientistas não pensam sobre competição, porque ‘o que eu tenho aqui é tão ótimo que todos vão querer tê-lo’. Não é isso no fim. Você tem que ter o melhor produto em relação aos concorrentes”, afirmou Peter Eisner, diretor-adjunto do Instituto Fraunhofer IVV. Para Eisner, os principais campos de ação em bioeconomia são praticamente os mesmos no Brasil e na Alemanha, portanto ambos os países só ganham com a união dos esforços no desenvolvimento de produtos sustentáveis, na inovação e na criação de empregos, missão do Fraunhofer IVV, que inclui a parceria entre as empresas e os institutos de pesquisa.
“Se você olhar a economia brasileira, você vai ver um ótimo potencial em vários produtos agrícolas, alimentos, saúde, bioenergia, então todas as áreas que são abrangidas pelo conceito de bioeconomia”, pontuou o vice-presidente da secretaria executiva do Agropolo Campinas-Brasil, Luís Cortez, que lembrou a importância da cidade de Campinas para a pesquisa e o desenvolvimento agronegócio, cenário que motivou a criação do Agropolo inspirado no Agropolis, da França. “A ideia é agregar valor. Esse é um grande desafio e nós entendemos que precisamos de algumas formas de fazer isso, de construir essa ideia de crescimento”, esclareceu.
O diretor do ITAL, Luis Madi, mencionou que o setor de alimentos no Brasil, por exemplo, passa por um grande processo transformação, inclusive de comunicação junto à sociedade. “O Brasil é o quinto exportador mundial de alimentos em valor e o segundo exportador mundial de alimentos em volume, então nós vamos ter que transformar esse segundo exportador em volume para o primeiro em valor”, afirmou Madi, que considera a indústria preparada para o desafio, incluindo o ITAL que passou a ter como fundamental em sua missão o benefício do consumidor e da sociedade. “É um foco que praticamente todas as indústrias estão fazendo e é o foco da existência de um governo”, completou.
Dentre os experientes palestrantes, participou a pesquisadora Hannelore Daniel, membro do Conselho de Bioeconomia da Alemanha, que atentou sobre a necessidade de aumentar a produção de alimentos em 70% até 2050 diante da projeção de crescimento da população mundial de 6,8 bilhões para 9,1 bilhões. Para ela, as saídas estão nas novas fontes de alimentos, nos novos métodos de produção, novos alimentos, novos sistemas de entrega, novos conceitos de dieta e novos sistemas de distribuição. “Nós precisamos ser inspirados, nós precisamos ser dignos, nós precisamos ser conectados, nós precisamos ser comprometidos. Vá adiante, você pode avançar cautelosamente: vá, vá, vá. Faça desse mundo um lugar melhor”, estimulou.
Premiação
Além do conhecimento disseminado, foi premiado o mapeamento agrícola de alta tecnologia do engenheiro mecatrônico colombiano Jaime Armando Delgado Vargas, mestre e doutor em Engenharia Mecânica, que terá a oportunidade de participar do programa Fraunhofer Days, na Alemanha, previsto para o segundo semestre de 2019: uma oportunidade de desenvolver um plano de negócio. “Você tem a tecnologia que está funcionando, você já tem um protótipo, mas você precisa do gerenciamento da equipe: se ninguém é capaz de gerenciar, você precisa identificar as pessoas certas que possam gerenciar”, explicou Eisner.
Cooperação Brasil-Alemanha
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento, através do ITAL, mantém convênio de cooperação técnica e científica com a Alemanha desde 2013 através do Fraunhofer IVV, que está presente no ITAL com o Fraunhofer Project Center, representação local para a coordenação de projetos e atividades no Brasil.
Em 2016, foi assinado um Memorando de Entendimento (MoU) entre o Agropolo Campinas-Brasil e o Fraunhofer IVV, que abrange ações colaborativas nas áreas de pesquisa, educação, treinamento e inovação para intensificar os projetos em parceria entre os países e o desenvolvimento de um ecossistema de classe mundial em Bioeconomia na cidade de Campinas.
Sob o tema “Novas Oportunidade de Negócio em Bioeconomia: como começar um negócio lucrativo”, o 14º Workshop em Bioeconomia teve o apoio do Centro Alemão de Ciência e Inovação / São Paulo – DWIH e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), através do Projeto PPPBio FAPESP (2016/50198-0), que será desenvolvido até 2020. Também foram parceiros na realização do workshop o Instituto Agronômico (IAC) e o Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM).