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Notícia
A rastreabilidade no café
Pesquisadores buscam monitorar o grão em diferentes pontos a partir do campo

Postado em 21/09/2007 00:00:00

A rastreabilidade do alimento é uma tendência atual de controle desde o campo até a mesa do consumidor. Trata-se de uma espécie de radiografia do processo, dentro do qual são controlados diversos parâmetros que influenciam na qualidade do produto. Pesquisadores da Unidade Laboratorial de Referência de Microbiologia do ITAL (APTA/SAA)* – Marta Taniwaki, Beatriz Iamanaka e Héctor Abel Palacios – resolveram aplicar este conceito ao café. Para isso, em 2002, Palacios acompanhou o café do campo até a chegada no Porto de Livorno, na Itália, passando pelo Porto de Santos, e com monitoramento de parâmetros ao longo do percurso. O trabalho foi parte de uma série de pesquisas motivada pela verificação de uma barreira técnica que os países europeus estavam impondo ao café brasileiro, em decorrência de uma micotoxina, a ocratoxina A, a qual possui efeitos nefrotóxicos e carcinogênicos. Os resultados foram divulgados em workshops, congressos nacionais e internacionais e, este ano, em artigo internacional. #Na ocasião, foram obtidos resultados que geram como desdobramentos estudos atuais. Concluiu-se, por exemplo, que, embora as condições de desenvolvimento da micotoxina estejam na microbiota natural do café, ela não é uma realidade significativa no Brasil. “O café sai do Brasil, em geral, sem contaminação. A logística no País com relação ao café é muito cuidadosa e, se o fungo não tem condições favoráveis de umidade, não se desenvolve. É um problema em potencial, mas não é uma realidade significativa aqui. Se ela ocorre, é durante o transporte ou após o transporte”, relata Palacios. Assim, controlar todas as etapas para ver quais são mais vulneráveis para o desenvolvimento da ocratoxina A, pode resultar na contestação de barreiras impostas a produtos brasileiros. Ainda nesse sentido, foi verificado que a condensação de água em containers de transporte, que acaba caindo sobre o produto, aumenta a umidade e, como conseqüência, o risco do desenvolvimento da micotoxina. As oscilações bruscas de temperatura durante o trajeto explicam, em parte, este processo. Além disso, os dados comprovaram que deixar o grão estocado por longos períodos no porto de destino é igualmente um fator que eleva a vulnerabilidade. Nessas conclusões, o teor de umidade se mostrou um parâmetro determinante. Esse fator específico gerou estudos atuais que buscam encontrar um padrão metodológico para verificar essa característica, já que foi observada uma variedade muito grande de métodos e equipamentos utilizados durante as etapas, que produzem resultados muito díspares. “Seguindo uma seqüência lógica de estudo, estamos buscando padrões que se chamam materiais de referência de grãos com umidade conhecida, com a finalidade de homologar para que todas essas metodologias e equipamentos utilizados estejam falando a mesma língua quando forem confrontadas com o material de referência ou com o padrão”, explica o pesquisador. Um processo piloto com café já foi desenvolvido e será testado em breve. Deste modo, os trabalhos direcionados a monitorar, de perto, a qualidade de café em seu trajeto de rotina, vão permanecer de modo a obter informações detalhadas que permitam a tomada de ações dirigidas aos pontos específicos em que gargalos forem detectados. “A importância de fazer o monitoramento em tempo real é, realmente, avaliar de uma forma crítica a influência das etapas de um problema específico, no caso, a micotoxina em café”, defende Palacios. E a intenção é ampliar estudos semelhantes e realizá-los com outros quatro grãos de grande importância econômica para o Brasil. *Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios / Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Material produzido pela Assessoria de Comunicação Foto: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1757