Postado em 04/12/2017 11:00:39
Estudo que relaciona o consumo total de defensivos agrícolas utilizados nas lavouras brasileiras com a área onde eles são aplicados desmonta o mito de que o Brasil é líder no uso desse insumo e o coloca na sétima posição, atrás de vários países, com a liderança nesse caso ficando com o Japão. Quando se relaciona o total aplicado com a produção agrícola, o país passa a ser o 11º do ranking. A constatação é do professor Caio Carbonari, da Unesp de Botucatu e foi feita durante palestra no Diálogo: Desafio 2050 e Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, evento promovido nesta quinta-feira (30), em São Paulo.
O encontro é uma iniciativa da FAO/ONU – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, ABAG – Associação Brasileira de Agronegócio e ANDEF - Associação Nacional de Defesa Vegetal. O objetivo é evidenciar a importância dos avanços científicos alcançados pela agricultura brasileira nas últimas décadas, fator que tem assegurado a continua ampliação da produção brasileira de alimentos, fibras e energia, de maneira a consolidar a posição do país como principal fornecedor mundial de produtos de alta qualidade, seguros e produzidos de forma sustentável.
De acordo com o professor Carbonari, que participou do painel denominado Mitos e Fatos, existe muita informação discrepante nessa área. “A imagem que se cria do agrotóxico não tem conexão com a realidade, pois a agricultura brasileira só conseguiu ter o avanço que teve com tecnologia, inovação e o uso de diversos insumos, entre eles os defensivos”, afirmou. “Necessitamos trabalhar com dados e informações científicas para pautar toda a discussão em torno do assunto”, complementou.
Na mesma linha do professor da Unesp falou a toxicologista Elizabeth Nascimento, que tratou do tema Segurança dos Alimentos. “Em termos científicos, tivemos um grande avanço nos últimos anos no que diz respeito a parâmetros sobre riscos de contaminação em alimentos. Temos hoje no país inúmeros instrumentos que podem nos dizer, com certeza, quanto podemos comer sem corrermos riscos. Claro que não existe risco zero e nem segurança absoluta”, observou Elizabeth, lembrando que é necessário ainda um esforço na área de comunicação para esclarecer o consumidor sobre essa realidade.
Sobre o tema Reflexos da Alimentação na Saúde e Qualidade de Vida, o endocrinologista Filippo Pedrinola salientou que é preciso se basear cada vez mais em fatos e menos em mitos. “Vivemos uma era que eu costumo chamar de terrorismo nutricional e demonização de alimentos, embasados em pseudociência”. No seu entender, a recomendação básica para ter uma alimentação mais adequada é fugir de dietas da moda, comer de forma mais consciente e evitar estresse.
Outro participante do evento, o presidente do Ital – Instituto de Tecnologia de Alimentos, Luis Madi, abordou as diferenças entre alimentos Orgânicos & Convencionais. Baseado em diversos estudos do próprio Ital e de outros órgãos, Madi assegurou que não há evidências científicas que sustentem vantagens nutricionais dos orgânicos sobre os alimentos convencionais. “O resultado disso é que temos um consumidor confuso e desorientado que acaba deixando de consumir alimentos seguros e de qualidade por achar que não fazem bem à saúde. Em relação aos orgânicos, o consumidor compra um produto acreditando que tem benefícios que efetivamente não possui. Ele está sendo enganado”, concluiu Madi.
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