Postado em 01/08/2007 00:00:00
Falar em agricultura familiar no Estado de São Paulo é falar em cerca de 210 mil famílias e aproximadamente 800 mil assalariados rurais. Para atender a esse público, vai ser realizada – entre os dias 2 e 5 de agosto, em Agudos (SP) – a quinta AGRIFAM (Feira da Agricultura Familiar e do Trabalho Rural), realizada pela FETAESP (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo). O ITAL vai estar presente, apresentando alguns dos produtos que auxiliou a desenvolver, agregando valor à produção dos agricultores. E é exatamente na agregação de valor que reside a maior parceria entre o agricultor familiar e o Instituto. Pesquisadores do ITAL atuam no desenvolvimento de produtos, de projetos, na elaboração de amostras, além de executarem projetos e implantação de fábricas. É no Instituto, também, que acontecem as reuniões da Comissão de Agricultura Familiar, grupo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo constituído pela APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) e, dentro dela, o ITAL, o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e os Pólos da Apta Regional; a CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral); a CODEAGRO (Coordenadoria do Desenvolvimento dos Agronegócios); a CDA (Coordenadoria de Defesa Agropecuária) e o FEAP (Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista). #Assim, o procedimento padrão é o seguinte: a demanda do produtor chega ao ITAL, em geral por meio da Casa da Agricultura de seu município; o projeto é desenvolvido e submetido à Comissão; é feita, então, uma triagem; se o projeto passar por essa triagem e atender aos requisitos do Fundo – ter, no mínimo, 50 % da produção própria, ser pequeno produtor (rendimento bruto menor que um milhão de reais por ano), e abrir uma microempresa –, obtém o financiamento do FEAP para a implantação da fábrica. Entre 2000 e 2006, cerca de 40 produtores foram beneficiados por esse sistema. A maioria deles com projeto desenvolvido junto ao ITAL. O pesquisador do Fruthotec (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Frutas e Hortaliças), José Gasparino Filho, fala da importância desse tipo de trabalho, que envolve a força do produtor na hora de negociar seus preços. “São aproximadamente dois meses de safra. Em um primeiro momento, o produtor consegue vender. Mas, se apenas parte da produção é vendida, o restante acaba sendo comercializado por um preço muito baixo”. Quando há um processamento, no entanto, o quadro se altera. “Um produto que seja processado, permite ao agricultor ter mais tranqüilidade para negociar o preço, já que ele vai vender aos poucos e pode vender para todo o Brasil”, completa o também pesquisador do Fruthotec e presidente da Comissão, Rogério Perujo Tocchini. Deste modo, além do reflexo mais automático que é a redução das perdas, o processamento pode ainda contribuir para a regulação do mercado, diminuindo o poder desigual de negociação entre o produtor que precisa escoar a safra e o intermediário que dispõe de uma grande oferta do produto. “Tivemos vários exemplos de que a instalação dessas indústrias, mesmo que pequenas, já promove um crescimento na renda. Uma pequena fábrica provoca mudanças em uma localidade”, comemora Rogério. Mas, o potencial de financiamento do FEAP não é integralmente aproveitado. Isso porque, mesmo com recursos disponíveis, nem sempre os agricultores sabem que podem utilizar o financiamento. #Quando o produtor consegue chegar ao ITAL, à Comissão e ao FEAP, no entanto, ainda há obstáculos a serem transpostos. E um deles se refere à falta de mão-de-obra qualificada nos locais em que estão sediadas as fábricas. Há, também, as dificuldades de gerenciamento. Neste caso, todavia, o produtor pode contar com o auxílio de organismos como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). “Dá muita satisfação ver o pessoal gerando emprego, sendo um vetor de desenvolvimento em sua localidade”, conclui Tocchini, mostrando que o retorno para uma instituição que participa de trabalhos assim pode ir muito além do financeiro. Exemplo de sucesso Um exemplo nesse sentido é o projeto que foi desenvolvido junto à empresa Fruto do Sol. A técnica e proprietária, Margareth Pinati Ribeiro Viu, conta que eles já faziam testes com geléias feitas a partir de sua produção de laranja e maracujá orgânicos, mas não conseguiam encontrar a fórmula padrão. Por indicação de uma empresa de produtos orgânicos, chegaram ao ITAL em busca de uma solução para o impasse. Foram, então, desenvolvidas três formulações de geléia orgânica: laranja, maracujá e goiaba e definidos alguns parâmetros, com o intuito exportar para a França. O Instituto apresentou aos proprietários da empresa três testes, os quais foram aprovados. Os resultados são animadores. “Estamos exportando geléia de laranja e maracujá para França; já fizemos três envios. Mandamos amostras para uma empresa que exporta para a Alemanha e elas foram aprovadas. Estamos dando inicio ao processo de exportação. No mercado orgânico interno, estamos sendo muito elogiados pela qualidade das geléias. Por fim, através da metodologia das geléias que foram desenvolvidas no ITAL, desenvolvemos outros sabores”, comemora Margareth. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Foto: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1757