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Ital na Mídia
Secretaria de Agricultura e Abastecimento
Perdas de produtos hortifrutigranjeiros: onde ocorrem e quais os principais motivos?
Técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e da Ceagesp abordam as principais razões da perda de produtos hortifrutigranjeiros, seja no campo ou na casa dos consumidores

Por Setor de Comunicação do Ital | Postado em 10/02/2021 19:08:51 | Atualizado em 11/02/2021 15:20:23

Para melhor conservação de qualquer produto hortícola, é necessário diminuir dois eventos fisiológicos: a respiração, que consome as reservas do produto, sendo que o aumento na taxa respiratória das frutas e hortaliças faz com que entram em senescência mais rápido e morram; e a transpiração, que faz com que o produto comece a murchar. Quanto mais o alimento é apertado e leva pancadas, mais sofre abrasão, mais aumenta a sua respiração e mais rápido se deteriora.

Por isso, os cuidados devem começar na hora da colheita: “É preciso colher com cuidado, de preferência com tesoura; evitar ou reduzir ao máximo as pancadas; não colocar peso em cima das caixas; usar pallets; enfim, quanto maior o cuidado na colheita, mais o produto irá durar”, ensina Gabriel Bitencourt, chefe da Seção do Centro de Qualidade Hortigranjeira da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

No entanto, é no varejo que ocorrem as maiores perdas. O varejista deve evitar as pilhas de produtos, sendo preferível deixar em caixas para reduzir o manuseio e as pancadas, oferecendo maior durabilidade. A maneira mais correta é diminuir a respiração, baixando a temperatura. “Essa é uma maneira eficiente de fazer o produto durar mais; a cada 10ºC de redução na temperatura, a respiração chega a baixar de duas a três vezes”, enfatiza Bitencourt, acrescentando que este é o maior entrave: “Essa cadeia de frio é complicada, nem sempre é possível que o produtor tenha câmara fria em seu galpão e caminhão refrigerado para transporte; chegando nas Centrais de Abastecimento, nem sempre há câmaras frias para todos e o varejo normalmente não conta com elas”.

Essas medidas aumentariam razoavelmente a vida dos produtos no pós-colheita, porém, para isso, é preciso investimento em toda a cadeia, do campo ao consumidor final. O Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, via Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), de 2010 a 2018, proporcionou a aquisição de câmaras frias e caminhões refrigerados por cooperativas de produtores que apresentaram Proposta de Negócio ao Projeto. Na ocasião, mais de uma centena de cooperativas foram beneficiadas e puderam agregar valor ao seu produto.

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Embalagens

De acordo com o estudo “Global food losses and food waste” da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, Food and Agriculture Organization of the United Nations), nos países em desenvolvimento as perdas de alimentos ocorrem principalmente nas etapas iniciais e centrais da cadeia de suprimento de alimentos (produção agrícola, manuseio e armazenamento pós-colheita, processamento e distribuição). É o que explica a pesquisadora Leda Coltro, no Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria.

A unidade técnica especializada contribui com o desenvolvimento de embalagens adequadas não só para o acondicionamento do produto (primária) como também para o transporte e a distribuição de modo a reduzir perdas por falhas como ruptura e quebra. “O Ital também atua no desenvolvimento, avaliação e otimização de processos de esterilização, pasteurização e concentração de alimentos, entre outros processos de industrialização de alimentos, podendo ajudar para a otimização da cadeia produtiva”, complementa Leda, que coordena o Grupo Especial de Sustentabilidade da instituição, o qual tem dentre as linhas de pesquisa o desenvolvimento de produtos com menor impacto ambiental.

Um exemplo de atuação do Ital junto à cadeia produtiva para a redução de perdas foi o desenvolvimento de embalagens de papelão mais adequadas à fragilidade de frutas e legumes em parceria com a Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp): um dos modelos passou a ser a medida de referência para caixas paletizáveis de diferentes tamanhos e autoencaixáveis.

“O fabricante deve avaliar constantemente o processo produtivo buscando pontos de melhoria para otimização, acompanhar as inovações que surgirem na área e implantar quando possível, além de usar embalagens projetadas para a melhor proteção do produto ao longo da vida útil especificada e da cadeia de distribuição, o que inclui um design que permita o melhor arranjo das embalagens nas cargas transportadas”, ressalta Leda, que atribui também responsabilidades aos pontos de venda.

“A movimentação da carga do transporte até o estoque e do estoque até o ponto de venda deve ser feita de modo adequado pelos funcionários, evitando quedas e choques mecânicos. Para produtos refrigerados ou congelados, sua distribuição e comercialização dependem fortemente da cadeia do frio, que deve garantir a temperatura de refrigeração adequada durante as 24 horas do dia”, detalha a pesquisadora, que ainda menciona como os consumidores podem fazer a sua parte. “Compre a quantidade de alimentos que conseguirá consumir antes do vencimento do prazo de validade, evitando assim o descarte”, finaliza.

Confira a matéria completa nos sites da SAA e da CDRS.