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Planejamento Agrícola pode evitar supersafras

Postado em 13/02/2007 00:00:00

#A recente supersafra de batata, que resultou no descarte de dezenas de toneladas do produto, pode dar aos que acompanham os noticiários uma sensação de déjà vu. De tempos em tempos, são noticiadas safras de algum produto agrícola que, por uma desproporção entre a oferta e a procura, acabaram tendo seu preço muito reduzido ou, em casos mais extremos, tiveram parte da produção descartada. E, cada vez que isso acontece, algumas questões vêm à tona. Questão 1: Por que as supersafras acontecem? A primeira delas é com relação às razões que levam a uma produção que o mercado consumidor não está preparado para absorver. Tomando como exemplo o caso da batata, é possível constatar um equívoco comum entre os produtores. Animados com o aumento do preço do alimento em 2005 – graças a uma estiagem que causou uma diminuição da produção diante da demanda – os produtores ampliaram sua área de cultivo em 2006. Essa ampliação, aliada a um ano de ótimas condições para a cultura, ocasionou uma produção maior do que a capacidade de distribuição e comercialização da batata, tradicionalmente no Paraná. É possível perceber, assim, que uma regra básica de mercado rege as oscilações de preço e está no centro de eventos como esse: a lei da oferta e da procura. A empolgação com a alta do preço em uma safra pode fazer com que a equação se inverta na seguinte, provocando uma queda vertiginosa no valor de um produto. Mas planejar é um caminho eficiente para que a produção não seja determinada apenas intuitivamente. “Uma das coisas que teria a necessidade de fazer bem feita é o planejamento agrícola, principalmente, nas regiões que se concentram em um determinado produto. Elas deveriam ter, ainda, toda uma logística de distribuição e comercialização”, orienta a pesquisadora do GEPC (Grupo de Engenharia e Pós-colheita) Eliane Benato. Produtores, atacadistas e governo devem trabalhar juntos no planejamento do agronegócio. Questão 2: O que fazer com a produção excedente? Diante da percepção de que a produção não será completamente absorvida pelo mercado, pode-se iniciar um outro tipo de planejamento: de alternativas para escoar o alimento. “Algumas saídas são tentar comercializar esse produto junto à indústria, buscar novos mercados, investir na exportação e estimular o consumo interno”, recomenda a pesquisadora. Como estratégia de marketing, poderiam ser divulgadas receitas feitas à base do alimento e desenvolvidas campanhas estimulando o consumidor a aproveitar o baixo preço. Considerando a hipótese de haver uma cadeia do frio eficiente, a vida útil do produto poderia ser ampliada, dando ao produtor tempo para encontrar alternativas de distribuição e comercialização, reduzindo perdas. Essa não é, porém, uma realidade atual. Por isso, ao optar pelo armazenamento refrigerado, o produtor teria que investir em uma infra-estrutura de que não dispõe e não há garantias de que, ao final, isso seria economicamente vantajoso. Para ter certeza, seria necessário realizar um projeto agrícola, que estimasse os custos da infra-estrutura necessária e, ainda assim, o tempo máximo aproximado de vida útil seria de 30 dias. Questão 3: Posso aproveitar o baixo preço e estocar o produto em casa? Embora, em geral, não existam em cozinhas convencionais espaço e estrutura ideais para o armazenamento de grandes quantidades de produtos perecíveis, algumas alternativas permitem que os alimentos da época e em oferta possam ser aproveitados. É importante, porém, observar suas condições, a maneira correta de guardar e processamentos caseiros que possam prolongar sua vida útil. Eliane dá alguns exemplos: no caso do tomate, pode-se armazená-lo seco (desidratado) ou na forma de molhos; com frutas, é possível congelar a polpa para fazer sucos ou preparar compotas. Algumas hortaliças podem ser congeladas após branqueamento. No caso da batata, guardar em local fresco sem exposição à luz, para evitar o aparecimento de coloração esverdeada, o que indica o acúmulo de substância tóxica, solanina. A batata refrigerada por longo período, sofre aumento na concentração de açúcares redutores que se caramelizam na fritura. A dona de casa deve buscar informações para melhor armazenar e preparar alimentos, reduzindo perdas e possíveis comprometimentos da qualidade do produto. Questão 4: Ao invés de jogar fora, os produtores não poderiam doar o excedente? “Se o produto é cultivado dentro de procedimentos adequados, utilizando insumos e defensivos registrados, com o uso de boas práticas agrícolas, se a colheita e o manuseio são realizados adequadamente, não teria, respeitando-se os períodos de carência dos produtos, porque se preocupar de passar o alimento para uma instituição que o distribua”, esclarece Eliane. A recomendação é, nesse caso, que os alimentos passem pela avaliação de um técnico responsável que ateste suas boas condições para a doação e consumo. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Foto: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1757