Postado em 01/06/2007 00:00:00
No ano de 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional no Meio Ambiente, comemorado em cinco de junho. Embora seja evidente que a discussão acerca da questão ambiental não deve se restringir a um dia, a semana do meio ambiente é um momento propício para reflexão. E iniciativas concretas nesse sentido, como os processos de revalorização de materiais utilizados na fabricação de embalagens, podem dar grandes contribuições ao debate. Esses processos podem ser classificados em quatro tipos principais: redução – diminuir ao máximo a quantidade de embalagem, mistura de materiais e peso, mas sempre assegurando a proteção do produto, do consumidor e do meio ambiente; reutilização; revalorização energética – queima de material com bom poder calorífico para gerar energia (com controle de cinzas e emissões); e reciclagem. Especificamente sobre este último, pesquisadores do Centro de Tecnologia de Embalagem (CETEA) realizaram trabalho acerca da utilização de embalagem reciclada pós-consumo em embalagem plástica para óleo lubrificante. #Considerando as diversas fases que compreendem a reciclagem – educação ambiental do consumidor; separação de materiais para a reciclagem; coleta e encaminhamento do material para os setores de revalorização por parte do setor público e desenvolvimento de tecnologias de uso do reciclado pós-consumo pelas empresas – a pesquisa concentrou-se na etapa final. “Nós incentivamos a reciclagem, mas, ao mesmo tempo, temos que ter uma especificação da embalagem para que não haja uma perda de produto causada por sua degradação”, explica o pesquisador Guilherme de C. Queiroz, que desenvolveu o trabalho ao lado das pesquisadoras Ana Paula Reis, Eloísa Garcia e do aluno de graduação Rafael Gonçalves, bolsista PIBIC/CNPq do ITAL. Estudo de caso que abre caminhos O trabalho demonstrou a viabilidade de estudar a fundo o uso de qualquer produto de reciclado pós-consumo, considerando suas particularidades e criando bases técnicas e científicas para a sua utilização/revalorização. No caso analisado, as matérias-primas utilizadas foram embalagens revalorizadas via reciclagem de produtos agrotóxicos e agroquímicos, cuja higienização e o encaminhamento para unidades de recebimento, segundo procedimentos regulamentados, são obrigatórios pela norma NBR-13.968. Por ser destinado à proteção de produtos quimicamente agressivos e tensoativos, esse tipo de embalagem é feito a partir de uma resina de boa qualidade nestes requisitos. Um material que passou a ter sua possibilidade de uso vislumbrada pelo setor de óleos lubrificantes, produto igualmente tensoativo. “Mas, como é uma embalagem pós-consumo, a empresa sempre vai ter que controlar muito bem sua qualidade. Ela não pode, por exemplo, vir com areia, misturada com materiais que não tenham compatibilidade na cadeia polimérica, vir com cheiro e contaminantes residuais dos produtos da primeira utilização, como os agrotóxicos etc.”, explica Queiroz. Isso quer dizer que é necessário um monitoramento constante da origem, qualidade e homogeneidade desse material. Quando isso é feito, o uso de reciclado pós-consumo pode se tornar, além de uma prática ambientalmente correta, uma contribuição para a melhoria do desempenho e custo da embalagem. No estudo de caso desenvolvido, o reciclado pós-consumo incorporado à embalagem de óleos lubrificantes contribuiu para o aumento da resistência diante do stress cracking ambiental, uma falha do material polimérico, devido à ação tensoativa do produto acondicionado, que tem como conseqüência a formação de microfissuras que podem levar à perda do produto. “Esse estudo específico, mostrou que é um procedimento viável, mas não perfeito. Sempre será necessário ter todo o controle da especificação. É preciso incentivar toda a cadeia, mas com cuidado”, ressalta o pesquisador. Assim, é possível pensar na relevância de estudos semelhantes para apoiar um impulso na reciclagem industrial. E, em parceria com as indústrias, institutos de pesquisa podem desempenhar um importante papel na verificação de maneiras de viabilizar processos similares. #Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibir a utilização de reciclados pós-consumo para contato com alimentos, sua aplicação é possível para outras categorias de produtos, como os de limpeza. E um crescimento desse segmento pode beneficiar, conjuntamente, a saúde do ambiente e o desempenho dos produtos. “E nós, como órgão público, não podemos parar de incentivar. Apoiamos a reciclagem e a revalorização de materiais em todos os sentidos, desde que respeitando critérios de proteção do produto acondicionado e de especificação, a saúde do consumidor e do meio ambiente. Estamos disponíveis para dar o suporte necessário, inclusive para uma rotulagem ambiental com critérios técnicos e base científica”, conclui Queiroz. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Foto: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1757