Postado em 15/12/2006 00:00:00
A laranja é um dos principais produtos agrícolas nacionais, sendo responsável por 49% da produção brasileira de frutas. No mercado mundial, o Brasil é o primeiro produtor da fruta. Não por acaso, o suco de laranja concentrado e congelado figura entre os maiores produtos brasileiros de exportação – o País é o primeiro no ranking de exportadores da bebida, produzindo 80% do total comercializado no mundo. Paralelamente, mas ainda dentro da indústria de alimentos e bebidas, o mercado brasileiro de biscoito vem crescendo significativamente e, segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Biscoitos/ Sindicato das Indústrias Alimentícias, em 2004, chegou a produzir 1.080.000 toneladas do alimento. #Diante de dois mercados tão significativos, a pesquisadora do Centro de Cereais, Chocolates, Balas e Confeitos (CEREAL CHOCOTEC) Cristiane Rodrigues Gomes desenvolveu um biscoito que tem entre seus ingredientes a fibra da polpa de laranja. Pesquisa desenvolvida com o auxílio da bolsista PIBIC/CNPq Patrícia K. Silva buscou verificar a influência do subproduto da laranja em biscoitos doces. Um dos objetivos que a pesquisadora pretendia atingir com o produto era obter um alimento funcional, já que as fibras alimentares auxiliam no funcionamento do intestino e, associadas a demais hábitos de vida saudáveis e a uma dieta equilibrada, ajudam a prevenir doenças coronárias. A fibra possui, ainda, propriedades capazes de contribuir tecnologicamente para as características de qualidade do biscoito. Além disso, o destino dado ao bagaço de laranja resultante do processamento da fruta para a obtenção do suco chamou a atenção de Cristiane. “Nós sentimos a oportunidade de ter um aproveitamento desses resíduos que, muitas vezes, são usados apenas para ração animal ou exportados. E nós achamos interessante usar esses resíduos em benefício da população brasileira e, ao mesmo tempo agregar valor aos produtos de panificação”, explica. O biscoito foi o alimento escolhido por ser amplamente aceito por consumidores de abrangentes faixas sócio-econômicas e etárias. A grande produção e a trajetória crescente da indústria do produto também influenciaram na escolha. Para tornar essa união possível, um “mix” de fibras passou por testes preliminares que verificaram a incidência de sabor amargo e textura gomosa. Também o teor de fibra e água adequado e a atividade de água, umidade e textura instrumental foram analisados no produto. Por fim, o biscoito foi submetido à análise sensorial, na qual obteve boa aceitação. Cristiane conta que uma das dificuldades sentidas durante a realização da pesquisa foi a resistência das empresas citrícolas em fornecer o resíduo da fruta. “Elas ainda não vislumbram essa possibilidade, não consideram dar outro destino que não seja a exportação e a fabricação de ração à fibra”, diz. Ainda segundo a pesquisadora, para estabelecer uma ligação entre o resíduo e sua utilização na fabricação de biscoitos seria necessária a implantação de um processo que visasse principalmente à conservação da fibra até sua utilização. “Então, há um espaço entre uma parte e outra. Mas, acredito que, a partir do momento em que elas atentem para essa possibilidade e vejam as vantagens, possam estabelecer uma ligação”, defende. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Foto: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1757