Por Comunicação SAA | Postado em 11/02/2025 17:01:08 | Atualizado em 12/02/2025 08:40:43
Nos últimos 20 anos a participação feminina como autoras de publicações científicas cresceu 29% no Brasil, colocando o País na terceira posição mundial de participação de mulheres cientistas, atrás apenas da Argentina e de Portugal. Os dados constam no relatório da Elsevier-Bori, que também mostrou que a representatividade feminina em produções científicas é mais frequente entre as jovens. Apesar de animadores, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que exista uma equidade no setor.
Incentivar o ingresso de meninas na ciência, divulgar trabalhos realizados por profissionais mulheres e criar políticas públicas que viabilizem a participação delas na área são algumas das alternativas para contribuir para a maior inserção do gênero feminino.
A pesquisadora científica da Apta Regional de Bauru, ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Anelisa de Aquino, 44 anos, ressalta que é muito importante ter referências femininas. Ela conta que a sua maior inspiração foi a Dra. Mônica Ferreira de Abreu, responsável pelo Laboratório de Análises de Solos do Instituto Agronômico (IAC-Apta). “Ela mostrou para mim que é possível uma mulher ocupar uma posição dentro da pesquisa científica. É uma grande fonte de inspiração para a minha trajetória”, explica Anelisa.
A pesquisadora, que é formada em agronomia, relata que sempre foi apaixonada pela ciência e adorava quando, no ensino básico escolar, tinha a oportunidade de estar no laboratório fazendo descobertas. Mas foi na faculdade que uma professora indicou o caminho a seguir. “Tive uma professora que, em sua disciplina, apresentava ensaios científicos e materiais sobre fisiologia das plantas, o que me incentivou a seguir por esse caminho”, relembra. “Fiz o mesmo ainda quando era estagiária e serviu para eu batalhar e construir a carreira que tenho hoje”, conclui.
Laura Roncaglia, de 21 anos, graduada em ciências biológicas, também teve o IAC como fonte de estudo em duas iniciações científicas: uma sobre o café especial do Instituto e outra sobre a macaúba - palmeira nativa da América Latina, que pode ser encontrada em quase todo o Brasil. “No IAC tive contato com orientadores e com os meus objetos de estudo e, ainda, dei início a um estágio, onde tive a oportunidade de assistir aulas de pós-graduação e adquirir mais conhecimento sobre as técnicas que estava usando”, ressalta.
Para a jovem cientista, os institutos da Apta foram de extrema importância em sua formação. Ela conta que durante a sua vida acadêmica participou de alguns congressos interinstitucionais de iniciação científica e em um deles estavam presentes os institutos de Pesca, de Tecnologia dos Alimentos, Biológico e Agronômico. “É muito importante esses espaços para fazer networking, ter contato com orientadores e ainda aumentar a gama de conhecimento”.
Apesar de toda bagagem adquirida ao longo dos anos, Laura relata que ainda existe preconceito acerca da participação feminina nas ciências. “Muitos pesquisadores homens não acreditam que as mulheres podem fazer a mesma coisa que eles”, conta. Mas ela não se intimida: “uma coisa que eu sempre digo é para as mulheres não abaixarem a cabeça e acreditarem no seu potencial. Se você está neste local, é porque você é capaz”, diz.
Laura reforça ainda que é preciso romper paradigmas, pois existe muita competitividade, tanto feminina quanto masculina. No entanto, a jovem acredita que, se você tem um sonho, é preciso batalhar por ele, mesmo que haja percalços no caminho. “Teve um momento na minha vida que me marcou muito: uma pessoa que era muito importante para mim na área acadêmica disse para eu desistir. Mas eu não podia desistir do meu sonho, então segui em frente e digo isso para outras mulheres também: não desista, siga em frente”, enfatiza.