Postado em 02/08/2017 11:22:04
Uma proposta de Regulamento Técnico de Identidade e Padrão para o Mel das Abelhas Sem Ferrão foi formulada pelos pesquisadores Ricardo Costa Rodrigues de Camargo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Karen Linelle de Oliveira e Maria Isabel Berto, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Publicada no periódico científico Brazilian Journal of Food Technology, está disponível eletronicamente na edição de janeiro de 2017 e tem como objetivo contribuir para comercialização deste mel no Estado de São Paulo.
“Esperamos que esse documento colabore substancialmente no processo de regulamentação dos méis de ASF, pois o estabelecimento dos requisitos de identidade e padrão são importantes para a garantia de segurança de consumo e para que os órgãos fiscalizadores tenham base referencial para sua inspeção, permitindo a sua comercialização”, explica Maria Isabel.
Os méis das abelhas sem ferrão (ASF) são produtos únicos da biodiversidade brasileira, presentes e valorizados pela cultura popular desde os povos originais das Américas. Por ser mais ácido e apresentar maior teor de umidade, seu sabor é peculiar e sua viscosidade é menor quando comparada ao mel proveniente da espécie africanizada Apis mellifera.
Esse produto é valorizado na medicina popular, sendo-lhe atribuída uma série de propriedades terapêuticas, usado puro ou em conjunto com plantas medicinais na formulação de “preparados” medicinais.
De acordo com a pesquisadora, trata-se de um produto com grande potencial para produção e valorização: “O mel de ASF possui características sensoriais diferenciadas dos méis de abelhas africanizadas, fato que o torna um produto de alto valor agregado e, portanto, importante economicamente para seus produtores”, destaca a pesquisadora.
A peculiaridade deste produto, entretanto, é também o entrave de sua comercialização. Devido às diferenças na composição físico-química, os valores de referência indicados para o controle da qualidade e comercialização de mel, vigentes nas legislações nacionais (BRASIL, 2000) e internacionais (FAO, 2001), não são aplicáveis para os méis das ASF. “Este tipo de mel necessita do estabelecimento de parâmetros físico-químicos específicos que sejam referência tanto para controle de qualidade como para sua comercialização”, finaliza Maria Isabel.