Postado em 29/10/2008 00:00:00
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento) realizaram trabalho que avaliou as percepções dos consumidores em relação aos riscos associados às etapas das cadeias produtivas de carne de frango, leite em pó, água potável e salmão cultivado. Os resultados apontaram que os entrevistados não consideram nenhuma cadeia livre de potenciais riscos de contaminação. A pesquisa faz parte do Sigma Chain, programa europeu que tem como objetivo desenvolver um guia mapeando as vulnerabilidades nas cadeias de alimentos e rações a substâncias ou agentes perigosos. O ITAL é a única instituição fora da Europa a participar do projeto. A percepção do consumidor acerca da segurança alimentar, mesmo quando não calcada em dados técnicos e científicos, pode influenciar no padrão de consumo dos alimentos. Em um contexto de aumento contínuo da preocupação do consumidor com a qualidade dos alimentos, obter essas informações se torna ainda mais importante. As cadeias analisadas foram escolhidas com base no programa Sigma Chain, que as elegeu como estudo de caso considerando os possíveis riscos associados a elas: o frango e o salmão percorrem longas distâncias; a água potável pode ser contaminada de maneira rápida; e, no leite em pó, o risco é marcado pela quantidade de misturas na formulação. #Para verificar a visão do consumidor sobre riscos potenciais associados e estes produtos, os pesquisadores utilizaram uma metodologia ainda pouco explorada no Brasil. Trata-se do Focus Group, um exercício de dinâmica de grupo em que os participantes interagem sobre um tema dado. “É uma ferramenta da análise sensorial utilizada para fazer um estudo preliminar de algum assunto. É muito útil para a indústria ter esse feedback do consumidor”, explica a pesquisadora Juliana Cunha de Andrade. Assim, 19 consumidores – quantidade que está de acordo com o que preconiza o método adotado – foram ouvidos em duas sessões, escolhidos arbitrariamente e com vistas em compor uma amostragem diferenciada na idade, sexo e nível educacional. Os questionários foram desenvolvidos no âmbito do Sigma Chain e aplicados também na Holanda, Irlanda, Polônia e França, por outras instituições integrantes do programa. Os participantes brasileiros citaram, prioritariamente, riscos químicos e microbiológicos. Em relação ao leite em pó, a coleta e a mistura do leite de várias fazendas e animais foram consideradas, respectivamente, de alto e médio risco. Na cadeia de frango, a ração foi classificada como de médio e baixo risco e o uso de antibióticos e hormônios foram considerados como riscos em potencial. Além disso, os consumidores manifestaram preocupação com a distribuição e o armazenamento em supermercados da carne de frango. Por fim, acerca das cadeias de água potável e salmão cultivado, as contaminações químicas foram os riscos potenciais mais mencionados. Juliana destaca que algumas das percepções não encontram fundamento na realidade das cadeias, como acontece no caso da utilização de hormônios na carne de frango. “É um conceito errado que o consumidor tem. Então, este tipo de estudo é importante para a indústria trabalhar com o consumidor, levar a informação correta para reverter a percepção”, explica. Por outro lado, os setores envolvidos podem atuar nas demandas apontadas pelos participantes, de modo a promover uma segurança maior nos pontos em que for necessário. Quanto aos desdobramentos do trabalho – o qual foi premiado na categoria análise sensorial do XXI Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos (foto), realizado no início do mês – a pesquisadora revela que ele será repetido, em novembro, no Rio de Janeiro. Em um primeiro momento, os resultados serão utilizados no Sigma Chain, mas a equipe verifica a possibilidade de transferir as informações às indústrias do setor. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Foto: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1757