Solicite um Orçamento

Notícia
Pesquisa verifica contaminação em caldo de cana
Pesquisadores do ITAL analisaram a presença de HPAs e resíduos de agrotóxicos na bebida

Postado em 16/07/2008 00:00:00

#O Brasil é o principal produtor mundial de cana-de-açúcar. Segundo o Procana, a safra 2006/2007 equivaleu a 420 milhões de toneladas, produzindo 30 milhões de toneladas de açúcar. O Estado de São Paulo, por sua vez, responde por mais de 60% da produção nacional. Uma das maneiras comuns de consumir produtos da cana no País é o caldo de cana ou garapa. Pesquisadores do ITAL analisaram 80 amostras de garapa coletadas em Campinas e Ribeirão Preto a fim de verificar se há contaminação por agrotóxicos ou Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs), que são formados na queima incompleta de material orgânico. Os níveis encontrados não indicaram riscos para a saúde do consumidor. No caso dos HPAs, o risco de contaminação da cana por estes compostos – que, em alguns casos, podem levar ao câncer – é grande. Isto graças às queimadas que, mesmo com a ampliação da colheita mecânica da cana, ainda são realidade em 70% das plantações, as quais ainda utilizam a colheita manual. “Na minha tese de doutorado, fiz análise de HPAs nas diferentes etapas de processamento da cana para obtenção do açúcar, inclusive no caldo. Como eles são formados em processo de queima de matéria orgânica e os canaviais são queimados na época da colheita, decidimos fazer um trabalho com a garapa”, explica uma das coordenadoras do trabalho, Sílvia Tfouni. Os HPAs formam um grupo de mais de cem compostos. Treze deles, todavia, foram apontados pelo JECFA (Comitê Conjunto FAO/OMS de Peritos em Aditivos Alimentares) como claramente carcinogênicos. Destes, quatro foram estudados na pesquisa. Em trabalho anterior, Sílvia verificou contaminação por HPAs de amostras de caldos de cana coletadas em usinas de açúcar e álcool. A idéia era, portanto, verificar se o mesmo ocorria com a bebida oferecida ao consumidor. “Os níveis encontrados foram muito menores do que os das amostras coletadas na usina; até dez vezes menores”, relata a pesquisadora. Uma hipótese que pode explicar a diferença é que, na usina, a coleta era feita após a simples moagem da cana. Os vendedores de garapa, usualmente, lavam e raspam a cana, o que poderia diminuir a incidência de HPAs na bebida. Uma das intenções do trabalho foi, ainda, verificar se havia diferença nos níveis de HPAs nos períodos de safra e de entressafra. E, mesmo com a baixa incidência, foi possível perceber que a desigualdade é real. Isso ocorre porque, fora do período de safra, em que é realizada a colheita, a cana não é submetida à queimada. “Como não há legislação de HPAs em caldo de cana, fica difícil comparar. Confrontamos com os limites para água e os resultados ficaram bem abaixo dos níveis permitidos. Em relação aos compostos estudados, não há com o que se preocupar”, atesta Sílvia. No caso dos agrotóxicos, o uso de herbicidas de diferentes grupos químicos se tornou prática comum no controle de ervas daninhas. Foram trabalhados sete ingredientes ativos dos 64 cuja utilização é permitida para a cana-de-açúcar. A escolha considerou o fato de os agrotóxicos selecionados serem sistêmicos, ou seja, penetrarem na seiva da cana, e não ficarem apenas na superfície. “No limite de detecção que conseguimos para a metodologia, não encontramos nada para os pesticidas analisados. Também não há legislação para caldo de cana, apenas para cana-de-açúcar. E, dentro dos limites permitidos para a cana, as amostras estão de acordo com a legislação”, conta a pesquisadora Regina Furlani, que coordenou a etapa que analisou resíduos dos agrotóxicos. #Um diferencial da pesquisa foi a metodologia empregada, a qual, apesar de ser recomendada pela União Européia, ainda é pouco estudada no Brasil. Em produtos doces, como o caldo de cana, nunca havia sido utilizada no País. Denominado QuEChERS – sigla em inglês que faz referência às características rápido, fácil, barato, efetivo, robusto e seguro – o método se mostrou adequado para o fim pretendido. Por meio dos resultados obtidos, mostrou-se adequado para análise dos sete pesticidas em caldo de cana, o que reforçou sua versatilidade. A continuidade dos trabalhos com caldo de cana será efetivada por meio de uma colaboração firmada com a Embrapa. “A Empresa está trabalhando com análise de outros pesticidas em cana. Vamos ceder nossas amostras, que estão armazenadas, para que os pesquisadores façam as análises”, finaliza Regina. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Fotos: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1784