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Rotulagem coloca gordura Trans na mira
Resolução nº 360 da ANVISA faz parte de tendência mundial que visa redução do consumo de ácidos graxos tipo trans

Postado em 13/04/2006 00:00:00

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) determinou que, até o dia primeiro de agosto, todos os produtos devem indicar em seus rótulos a presença e a quantidade de gordura trans. Esta medida é resultado, principalmente, do perigo que este tipo de ácido graxo pode oferecer à saúde, se consumido em excesso. # A gordura trans, presente em cremes, bolachas recheadas, chocolates, confeitos, alimentos congelados, entre muitos outros, é mais nociva, quando se fala em causar doenças cardiovasculares, do que as temidas gorduras saturadas e o colesterol, conforme já comprovaram testes epidemiológicos. Há, assim, uma mobilização mundial na direção de tentar diminuir o máximo possível o consumo desta substância. O ideal é que ela seja extinta da alimentação e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo máximo seja 1% de uma dieta de 2.000 calorias diárias, o que equivaleria a 2 gramas ou meio pacote de 200 gramas de biscoitos recheados. A pesquisadora do CENTRO de QUIMICA do ITAL Ana Maria Rauen de Oliveira Miguel conta que a inclusão de gordura trans na rotulação é uma conquista. “Eu acho que o Brasil, junto com alguns países da Europa, saiu na frente”, opina. Mas, afirma que esta medida isolada não é suficiente. “A rotulagem é importante, mas deve vir acompanhada de educação para o consumidor e mudanças na produção”, defende. Mudanças Os ácidos graxos trans são formados pela hidrogenação, um processo que transforma óleos e gorduras de um estado líquido para um estado mais pastoso, o que facilita agregar alguns ingredientes. Assim, os maiores atrativos, que fazem com que a gordura trans esteja largamente presente nos alimentos são, segundo Ana Maria, a estabilidade, que equivale a maior durabilidade, e a consistência agradável que é obtida. Mas, algumas empresas, principalmente as maiores, já se preocupam em diminuir a utilização da substância em seus produtos e procuram maneiras de obter o mesmo resultado sem utilizar a hidrogenação. Alguns produtos, inclusive, já estão no mercado. Mas uma mudança maciça não será tão imediata. “Vai levar um tempo, porque implica um novo conhecimento, uma nova tecnologia. Mas eu acho que vai diminuir bastante”, prevê Ana Maria. Ela conta ainda que eliminar totalmente a gordura trans dos alimentos é quase impossível, já que é produzida também por um processo natural no trato digestivo de animais ruminantes, através da chamada biohidrogenação. Assim carnes, leites e produtos derivados desses animais podem conter ácidos graxos trans. Mas apenas de 2 a 8% dos trans que consumimos vêm da biohidrogenação, os 80-90% restantes são ingeridos via consumo de alimentos que contêm gorduras hidrogenadas. Hábitos Enquanto a oferta de produtos que contêm ácidos graxos trans continua sendo maior, cabe ao consumidor limitar a quantidade ingerida. A partir de agosto, a informação contida no rótulo irá auxiliar neste controle. E, para reduzir a probabilidade de danos à saúde, causados pelos ácidos graxos, vale a mesma fórmula recomendada sempre que se fala em uma vida saudável. “Se você tem uma qualidade de vida boa, se alimenta bem, vai eliminando. Isso significa variar os alimentos todos os dias. Se você tiver um padrão de vida saudável, não vai ter problemas”, defende Ana Maria. Outras Informações Além da quantidade de gordura trans, a resolução nº 360 de dezembro de 2003 da Anvisa determina que os rótulos terão que especificar informações sobre o valor energético e teor de carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas e sódio. Produtos que apresentam a quantidade da porção em gramas ou mililitro terão, ainda, que fazer a correspondência para medidas caseiras, como colher ou xícara. Material produzido pela Assessoria de Comunicação Foto: Antônio Carriero Mais informações: 19.3743.1757